A segurança da sociedade brasileira está sendo prejudicada por algumas mensagens que aparentemente servem para alertar às autoridades sobre a realidade do crime, mas na verdade produzem efeitos indesejados que podem agravar a carente segurança do povo brasileiro.
Um padre falou um dia num telejornal local, afirmando que os crimes aumentaram na comunidade de Mãe Luiza após a divulgação do documentário Falcão, meninos do tráfico. Alguns jovens da comunidade teriam se identificado com os protagonistas da produção, que passam por uma realidade semelhante à deles. O cantor de rap MV Bill, um dos responsáveis pelo documentário, afirmou que o objetivo em fazer o vídeo era mostrar a realidade dos jovens segundo o ponto de vista deles. De acordo com o cantor, os jovens sempre eram considerados os grandes culpados nas análises de sociólogos, antropólogos e especialistas de segurança.
De fato, o vídeo destaca a triste realidade que os jovens de comunidades pobres vivem como motivo para eles entrarem no mundo do crime, como se eles não tivessem muita culpa por serem criminosos. Sabemos que o indivíduo é bastante influenciado pelo meio social onde vive e a pobreza de um país sempre será um elemento de risco para o crime se desenvolver. A culpa disso certamente deve ser compartilhada com muita gente, mas não estou escrevendo isso para discutir quem é o culpado da criminalidade, mas como esse tipo de mensagem prejudica a sociedade em geral, pois geralmente o efeito dela não é muito bom.
A verdade é que o objetivo original adquire outra dimensão além da pretendida pelo criador desses tipos de mensagens, pois eles esquecem que, da forma como é feito, a mídia acaba recompensando os atos criminosos com a fama, atribuindo um status notório ao bandido, diante da sociedade, como ele nunca teve antes. Isso realmente instiga a prática de crimes e deve ser evitado, pois a mensagem ganha importância dentro dessas comunidades, onde os indivíduos, além de encontrar um pretexto para participar do crime, adquirem um papel de prestígio dentro do grupo. Os jovens começam a observar os bandidos da comunidade como verdadeiros heróis, e é aí onde está o grande perigo.
O que fazer, então? Censurar esses tipos de mensagens? Talvez sim, pois não podemos prejudicar toda a sociedade usando como pretexto a bandeira da liberdade de expressão ou da democracia. A liberdade é boa, mas sabemos que devem existir limites. Considero que o conhecimento dessas mensagem deveria ser privativo do governo, que agiria com mais eficácia contra o problema social, mas sabemos que o nosso governo não é muito eficiente para combater a triste realidade do tráfico de drogas. Então ficamos num impasse a ser resolvido. Mostrar a realidade, atribuído recompensas pela criminalidade, ou censurar a sociedade, anestesiando-a a respeito desse grave problema?
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