quarta-feira, março 22, 2017

Ciência de verdade ou fé nos cientistas?


No final de um documentário, o físico Stephen Hawking afirmou que a origem do universo pode ser explicada sem a necessidade de um criador e que, por consequência, poderíamos dizer que não existe vida após a morte. Eu admirava o Hawking, mais pela imagem de genialidade que nos é transmitida pela TV, mas depois dessa conclusão ilógica, tive uma decepção, mas foi bom, pois eu pude ver o quanto de fé está impregnada no atual mundo científico.


Após o advento iluminista, os cientistas começaram a adquirir o status de novos sacerdotes. Se antes o que a Igreja dizia era considerado a verdade, hoje, cada vez mais pessoas simplesmente acreditam no que os cientistas dizem, até mesmo em homenzinhos do espaço [1], sem fazer questionamentos. Se antes as verdades eram imutáveis (dogmas religiosos), hoje, algumas crenças com base na ciência alteram-se de uma década para a outra, às vezes num ritmo até mais rápido, como podemos constatar perante descobertas nutricionais. Ovo faz mal? Colesterol faz bem? E o glúten? Vivemos em tempos de "verdades" líquidas, tomando aqui emprestado um termo do Bauman. E, mesmo perante tanta confusão e desmentidos, continuamos tendo plena fé neles.

A alteração das atuais crenças em pouco tempo é previsível, pois a ciência não produz dogmas, e seus métodos rigorosos podem destruir teorias consideradas verdadeiras pelos mais descuidados, a qualquer momento. Em outras palavras, é muita ingenuidade vestir de santidade uma descoberta científica que, em sua própria essência, é frágil demais para ser elevada ao nível de uma crença. No entanto, muita gente tem fé em muito do que a ciência afirma, sem saber das inúmeras trapalhadas, enganos e fraudes que são bem mais comuns do que imaginamos nesse meio, como apresentado na obra “Penso, logo me engano: breve história do besteirol científico”, de Jean-Pierre Lentin.

Dentro do darwinismo, temos exemplos como o embuste do Homem de Piltdown e o caso de fraude, em 2005, a respeito dos famosos Neanderthais [2]. Segundo Lentin, existiram outros problemas na história da busca por fósseis de ancestrais primatas dos humanos, uma caçada que teve seus primórdios em meados do século XIX. “O Ramapiteco, achado na Índia em 1934, é por muito tempo considerado um autentico elo pré-humano — até o início dos anos 80. Hoje em dia, prefere-se pensar que se trata de um ancestral do orangotango. O Sivapiteco, descoberto nos contrafortes do Himalaia, conhece o mesmo esplendor e decadência, pior ainda, pergunta-se hoje se o Sivapiteco é mesmo uma espécie. Ele é bem menor que o Ramapiteco e é frequente encontrar-se os restos de uma e outra espécie a pouca distância. E se fossem simplesmente machos e fêmeas? Quanto ao Gigantopiteco, encontrado no Sul da China, oferecia, com seu grande tamanho, um ancestral mais prestigioso que os demais. Mas não, é apenas um macaco grande, cuja linhagem se extinguiu (…).”, escreveu Lentin.

Hoje, temos nossa suposta ancestral mais célebre, “Lucy”, um conjunto de fósseis de ossos que seriam de um Australopithecus afarensis, e que assemelha-se bastante a um chimpanzé, de modo que nada impede que ela também sejam apenas membro de uma espécie extinta de macacos, sem parentesco com os humanos. Alguns criacionistas citam o caso de Ötzi, o "homem do gelo” que teria vivido há mais de cinco mil anos, como também sendo um engano, mas eu ainda não encontrei uma fonte confiável que indicasse isso.

Além disso, apesar de tantos fósseis e ossadas encontrados pelos cientistas, não há uma prova concreta de que a teoria da evolução se aplique aos seres humanos. É difícil de acreditar, não? Mas, dentro do método científico, é verdade, pois ainda não foi encontrado o elo perdido da suposta cadeia evolutiva, de modo que o próprio rigor do método deixa o darwinismo no nível de mera teoria em relação às origens da humanidade. Afinal, é estranho como conseguiram encontrar nossos supostos ancestrais mais antigos, mas não encontraram o mais recente.

A oposição criacionista à teoria da evolução é pregada nos colégios como sendo uma atitude patética, digna de fundamentalistas religiosos negadores do pensamento racional. Porém, o que percebi é que essa oposição não é feita apenas usando as Escrituras. Alguns criacionistas são sensatos e apresentam evidências e contestações bastante plausíveis ao que a maioria de nós foi condicionada a adotar como verdade plena e santificada. Existem cientistas de verdade — os quais são geralmente deixados de lado — que têm grandes razões para desconfiar de coisas como teoria da relatividade, darwinismo ou que a Terra teria 4,5 bilhões de anos. Não seria o caso de descartar tais teorias, mas sim de adotar uma maior cautela e não assumí-las como dogmas.

Por exemplo, esses cientistas mais cautelosos contestam os resultados da datação de rochas e fósseis, afirmando que os métodos utilizados chegaram a indicar a idade de fósseis de alguns mamíferos atuais como tendo vivido no mesmo tempo dos dinossauros, há mais de 65 milhões de anos, o que seria impossível segundo as teorias mais aceitas. Eles demonstram a falibilidade também do método de datação da idade da Terra, como podemos ver de modo simples numa série de vídeos do geofísico brasileiro Afonso de Vasconcelos Lopes [3]. A argumentação do geofísico não é baseada em fé religiosa, mas sim em artigos científicos de revistas bastantes conceituadas, como a Science e a Nature.

Existe até mesmo a suspeita de que alguns dinossauros co-existiram com os seres humanos, como podemos ver em artigos científicos [4], com descobertas sugerindo que eles teriam vivido numa época muito mais recente do que se imaginavam. Esses trabalhos relatam a existência de tecido mole (vestígios de proteínas, hemoglobina e colágeno) em fósseis de dinossauros, indicando que as amostras eram novas demais, e gerando a suposição autêntica de que os dinossauros — ao menos os das amostras — teriam vivido há uns poucos milhares de anos.

Um dos pesquisadores, o Mark Armitage, foi demitido pouco depois de ter publicado seu trabalho sobre o achado de tecidos moles num Triceratops, sob a alegação de que a religião dele não seria tolerada dentro do departamento de biologia da universidade. Como, desde que entrou na universidade, ele sempre declarou-se cristão (inclusive na entrevista de admissão), supõe-se que a demissão foi causada pelo fato de ele ter feito ciência de verdade e publicado seu trabalho.

A ineficácia dos métodos de datação e alguns indícios de que seres jurássicos teriam vivido há uns quatro ou cinco mil anos fazem algumas pessoas desconfiar legitimamente da idade de 4,5 bilhões de anos da Terra. Da mesma forma, não seria o caso de dizer que ela teria apenas seis mil anos, como dizem alguns criacionistas, mas sim de deixar essa questão em aberto para novas pesquisas.

No entanto, o que ocorre é o contrário. Boa parte dos cientistas apenas nega quaisquer evidências desse tipo, pois num modelo de Terra jovem não caberiam as evoluções/transformações de seres simples em espécies complexas dentro de tão pouco tempo. Os ateus, maiores devotos da fé cega nos dogmas da ciência, são os que mais sentem-se ameaçados. No entanto, questionar as teorias mais aceitas não implica em defender que a Bíblia ou os criacionistas estejam plenamente corretos sobre o mundo físico.

Mesmo assim, debates desse tipo são carregados de paixão, como numa briga de torcidas. Caso alguém comece a questionar o darwinismo ou a Teoria da Relatividade, mais do que um debate imparcial e ponderado, é mais fácil vermos medo, xingamentos e tentativas de ridicularização. Dessa forma, sem pretender fazer generalizações, podemos dizer que o dito mundo científico é mais um espaço religioso do que um lugar de produção de conhecimento em busca da verdade objetiva. Afinal, assim como em vários ambientes humanos, é um lugar onde o poder está em jogo.

Como ex-acadêmico de comunicação e sociologia, eu já conhecia a intolerância dentro das "ciências" humanas e enxergava o meio social das ciências da natureza como sendo bem mais imparcial, mas vejo agora o quanto eu estava equivocado. Se, nas humanas, Marx, Bourdieu e a Escola de Frankfurt compõem o panteão divino, nas ciências naturais ninguém pode tocar em Newton, Darwin ou Einstein.

A maioria das pessoas são preguiçosas e não gostam de reconsiderar suas visões de mundo (e muitas vezes nem precisam), mas os cientistas deveriam estar sempre abertos, já que a própria ciência não admite verdades absolutas e imutáveis. A curiosidade deveria ser uma das maiores virtudes de um homem da ciência, bem mais do que simples fé em teorias sobre coisas que só existem no mundo da imaginação e da matemática, como é o caso da Lei da Gravitação Universal e sua filha, a Teoria da Relatividade.

No entanto, as evidências estão aí e precisam ser verificadas, de modo que os atuais paradigmas e modelos de várias teorias e hipóteses sejam revistos, abandonados ou confirmados, dentro dos mesmos parâmetros rigorosos da ciência, claro. Por exemplo, há diversas evidências genuínas de que o modelo de uma Terra esférica (seja uma esfera perfeita, como nas belas fotos da Nasa [5], seja em forma de geoide, como dizem uns, ou em forma de pêra (?!), como falou o astrofísico popstar Neil deGrasse Tyson) apresenta inconsistências interessantes.

Se a Flat Earth Society não está plenamente correta sobre suas alegações a respeito de uma mundo plano, esse grupo e seus seguidores nos deram valorosas contribuições para contestar/corrigir o modelo atual, as quais devem ser verificadas seriamente, sem as paixões de um crente. Por exemplo, existem trajetos de voos comerciais que parecem ter mais sentido num mapa de uma terra plana do que num mapa do globo; são apresentadas inconsistências nos cálculos do atual modelo astronômico em relação à distância do Sol, à órbita dos planetas e à circunferência da Terra; além da desconfiança legítima de que algumas fotos da Nasa teriam sido manipuladas (comparando-se fotos da Terra tiradas do espaço em 1972 e em 2012, veremos que o continente americano aparece aproximadamente três vezes maior na foto de 2012).

Mapa da Terra plana: O Polo Norte estaria ao centro do mundo e o Polo Sul não existe. Segundo os adeptos da Terra plana, a Antártida na verdade é o gelo que cerca nosso mundo por todos os lados. O fato de não existirem voos por sobre a Antártida alimenta a crença entre os membros desse grupo.

Embora muitos físicos afirmem que a curvatura da Terra só possa ser vista de uma altitude muito elevada, o horizonte sempre permanece perfeitamente plano, mesmo em altitudes acima de 100 km (espaço sideral), como qualquer um pode ver no voo do foguete V2 em 1946, cujo vídeo está disponível na web. Isso não comprova que a Terra seja plana, nem que seja esférica, mas sugere que o atual modelo precisa de certos esclarecimentos.

Video do lançamento do foguete V2, em 1946, que alcançou a altitude de 104 Km (65 milhas).

É bom lembrar que uma coisa é o modelo adotado para representar a realidade e outra coisa é a própria realidade. Inúmeras vezes, na história da ciência, teorias e paradigmas amplamente aceitos por séculos foram corrigidos ou abandonados. Embora o astrônomo midiático Carl Sagan fosse um aficcionado por criaturas alienígenas, num momento mais lúcido ele escreveu isto na obra "O mundo assombrado pelos demônios": “(…) no início dos anos 50, comecei a entender um pouco como a ciência funciona, (…) como os padrões de evidência devem ser rigorosos para realmente sabermos se algo é verdadeiro, quantos pontos de partida falsos e becos sem saída atormentaram o pensamento humano, como os nossos viesses podem colorir a interpretação da evidência, e quantas vezes sistemas de crenças mantidos por muitas pessoas e apoiados pelas hierarquias políticas, religiosas e acadêmicas revelam estar não apenas um pouquinho errados, mas grotescamente equivocados”. É bastante provável que os atuais modelos estejam repletos de erros, talvez de forma que seja melhor criar novas teorias em alguns casos. Quem sabe? Humanos erram.

É claro que um debate contestando as atuais teorias da ciência atrai muitos lunáticos, e não demora para que esse tipo de coisa misture-se com invencionices de teóricos da conspiração. Segundo eles, as atuais teorias científicas (especialmente o atual modelo do sistema solar) seriam resultado de um plano diabólico orquestrado por sociedades secretas que desejam esconder a verdade da maioria da população mundial.

Entretanto, para que uma teoria seja amplamente aceita numa sociedade, não precisa existir uma campanha de desinformação patrocinado por elites ocultas satanistas. Basta que uma ideia seja aceita por boa parte da comunidade de cientistas (mesmo que tenha falhas) e, em seguida, que a mídia comece a divulgar isso em filmes de ficção científica, documentários com astrofísicos popstars repletos de animação computadorizada em alta definição, e desenhos animados para crianças. Star trek, Cosmos e Wall-E. Em alguns anos, isso aumentaria a rejeição a quaisquer ideias contrárias, seja no mundo científico, seja no mundo não científico. Ou seja, isso não passaria de um fenômeno sociológico que tem mais a ver com modelos de conformidade do que com planos diabólicos dos Illuminati.

Mesmo esses lunáticos, talvez por serem dedicados às suas paranóias, acabam por descobrir fatos bastante intrigantes. Por exemplo, em 2006, a Nasa admitiu ter perdido 700 caixas de gravação original, em alta definição, da chegada do homem à Lua em 1969 [6]. Esse fato, somado às incoerências verificadas no conteúdo de seus websites, fotos e vídeos, nos fazem desconfiar de que ou a agência é composta de amadores descuidados ou ela está mentindo.

Recentemente, a agência apresentou projetos de novas tecnologias que permitirão ao homem ir além da baixa órbita da Terra [7]. Se tais tecnologias forem realmente novidade, como teriam enviado o homem à Lua em 1969, se ela encontra-se muito além da baixa órbita terrestre? Tais coisas geram dúvidas e reacende a velha crendice de que o homem nunca saiu da Terra. Mesmo assim, se você experimentar questionar, publicamente, a credibilidade de uma agência espacial, não demorará para encontrar pretensos cientistas que, na verdade, idolatram a instituição.

O medo de alguns cientistas (e da maioria das pessoas influenciadas por eles) diante de certos questionamentos denuncia não uma colaboração para se chegar à verdade, mas sim um conflito de paixões e crenças não científicas. Em 2014, quando questionado pelo apresentador do programa Real Time, Bill Maher, a respeito da estranheza da Teoria do Big Bang, o astrofísico Neil deGrasse Tyson respondeu: “O Universo não tem obrigação de fazer sentido para você”, uma frase de efeito perfeita para fugir de maiores esclarecimentos. Na mesma entrevista ele também falou: “Você não precisa acreditar na ciência. Ela é verdadeira, quer acredite ou não.” Ficou bastante claro que, para o Sr. Tyson, deveríamos seguir cegamente o que alguns cientistas dizem, sem ousar fazer perguntas “idiotas”, sob a terrível pena de sermos ridicularizados em programas de televisão.


Todos esses indícios demonstram que a ciência de verdade está perdendo espaço para a religião da ciência ou talvez já tenha perdido há muito tempo e só agora estejamos percebendo. Diferentemente do que muitos pensam, a religião é intrínseca ao homem. Se ele não acreditar em Deus vai acreditar em outras coisas bem menos sacras e falíveis em sua própria essência, como o dinheiro, a ciência ou o próprio homem.

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Notas

[1] Leia a matéria "Stephen Hawking: Intelligent Aliens Could Destroy Humanity, But Let's Search Anyway”, publicada no site space.com, em 21 de julho de 2015; e "We could all be pets in an elaborate alien zoo, claims Neil deGrasse Tyson", publicado em 28/06/2016 no site wired.co.uk. É comum observar astrônomos e físicos famosos darem declarações a respeito da existência de extraterrestres. Isso não é feito porque encontraram novas evidências concretas sobre o tema, mas sim porque dá audiência para a imprensa especializada, já que trata-se de um assunto fantástico e que sempre atrai a atenção do público.

[2] Leia a matéria "History of modern man unravels as German scholar is exposed as fraud”, publicada no The Guardian em 19/02/2005.

[3] Ver o vídeo no YouTube, intitulado "A Idade da Terra (parte 2): A Meia Vida do Urânio 238”.

[4] Veja os trabalhos de Mary H. Schweitzer, “Soft-Tissue Vessels and Cellular Preservation in Tyrannosaurus rex", publicado em 2005 na Science; e o de Mark Hollis Armitage e Kevin Lee Anderson, intitulado "Soft sheets of fibrillar bone from a fossil of the supraorbital horn of the dinosaur Triceratops horridus", publicado na revista Acta Histochamica, em 2013.

[5] As evidentes inconsistências e manipulações em fotos da NASA, tiradas do espaço, nos fazem questionar qual seria a verdadeira função dessa agência. Por exemplo, a NASA possui um site que transmite, ao vivo, imagens de uma câmera na Estação Espacial Internacional, em órbita, e que indica sobre que lugar da Terra ela está sobrevoando, também ao vivo, por meio de uma animação do mapa mundi. Realizei um experimento, alterando a data e a hora do meu computador algumas vezes. Estranhamente, isso fez o site indicar outras localizações da estação espacial sempre que eu mudava a hora, sugerindo que os dados não são transmitidos ao vivo, mas baseados em informações dos computadores pessoais que acessam o site. Posteriormente, eles retiraram a transmissão ao vivo da localização e deixaram apenas o vídeo.

[6] Leia a notícia "Nasa perde gravação da chegada do homem à Lua”, publicada em 14/08/2006 no site de O Globo.

[7] Um dos exemplos vem de um vídeo da NASA sobre a nave exploradora Orion. No vídeo "NASA engineer admits they can't get past the Van Allen Belts", o engenheiro Kelly Smith afirma que sensores à bordo da Orion irão registrar os níveis de radiação do cinturão de Van Allen (um perigoso campo radioativo que encontra-se além da baixa órbita, mas bem antes da órbita lunar), de modo que tal desafio possa ser resolvido antes de enviar pessoas através dessa região do espaço.

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