quinta-feira, outubro 13, 2011

As contradições da ignorância e do anti-semitismo no Nordeste

É quando menos se espera a emergência da ignorância e do ódio que eles mais nos surpreendem e nos revoltam. E o que falar quando o anti-semitismo, antigo e desagradável companheiro do povo judeu, surge entre descendentes do próprio povo de Israel nas paragens de Caicó (RN), uma cidadezinha nordestina conhecida por ter muitos descendentes de judeus? O desejo de morte, referências distorcidas – e por isso hilárias – sobre a história e o nazismo, alusões a velhas e engraçadas teorias da conspiração, são comuns entre gente ignorante que se deixa levar por essa antiga e incoerente corrente de ódio.

O caso ocorreu quando menos se esperava, durante uma conversa entre colegas, ocorrendo de forma desnecessária e grosseira numa ocasião que deveria ser agradável e despropositada. E é interessante a falta de criatividade: desejou-se a morte de todos os judeus com base em argumentos tolos e inverdades já muito batidas pertencentes ao “arsenal” de quem não tem muita inteligência.

Mas isso não é um caso isolado aqui no Rio Grande do Norte. No início da década de 90, em Natal, um pequeno grupo de pessoas estava a escrever e publicar opiniões anti-semitas. Quando Ben Abraham, enviado por um grupo de combate a esse tipo de crime, veio averiguar o caso, percebeu que os próprios missivistas eram descendentes de judeus, assim como a maioria dos nordestinos brasileiros. Eu mesmo já me deparei com professores universitários e pretensos intelectuais entre Natal e Mossoró com idéias problemáticas, desejando a morte de seus próprios avós. Como teriam nascido? Trata-se de uma ancestralidade constatada por inúmeras pesquisas genealógicas e antropológicas, especialmente pelas pesquisas da professora Anita Novinsky e de alguns estudiosos potiguares, também motivo de produção de alguns documentários, dos quais destacamos “A Estrela Oculta do Sertão”.

Tais ideais de ódio, quando surgem aqui e acolá, na mente de certos deficientes intelectuais – ainda que descendentes de judeus -, são generalistas, pois assim é o anti-semitismo. Os judeus, para essas pessoas, são pessoas desconhecidas e distantes. Assim, o “terrível judeu” é uma imagem abstrata de cunho irracional, um inimigo idealizado, um adequado bode expiatório que os conforta. Ou seja, o anti-semitismo é uma fuga confortável para suas mentes simplistas resolverem eventuais dissonâncias cognitivas em relação ao mundo. Compreende-se mais facilmente o que se passa ao seu redor quando se há um culpado, um inimigo, um vilão. É comum vermos por aí a encarnação da culpa dos problemas mundiais: o capitalismo, os banqueiros, os judeus, os EUA, os maçons e por aí vai a lista de protagonistas das mais infantis e bobocas teorias da conspiração que agradam e fornecem explicações fáceis para mentes reduzidas, que as aceitam prontamente.

Só que as coisas complicam quando um ódio cego que normalmente é apontado para um alvo generalizado e distante (os "terríveis judeus") começa a ofender um indivíduo: o judeu e a judia que trabalha logo ali, o judeu que tem uma família e amigos, o judeu como pessoa real e não como um inimigo abstrato. Nesse caso, além da insuficiencia cognitiva, temos uma ineficiência moral, pois se está a ofender alguém sem qualquer motivo racional. Posso afirmar que o caso está sob análise para eventuais providências.

A despeito desse caso, o sentimento que podemos ter em relação a essas pessoas é a pura piedade devido à sua ingenuidade e ignorância, pois é sabido que hoje, apesar de constituirem uma constante e incômoda pedrinha no sapato dos judeus, quando isolados e insignificantes, eles não passam disso: uma pedrinha num sapato. E, assim, continuamos andando.

quinta-feira, agosto 18, 2011

Relativismos sexuais e orgulho gay

No topo dos assuntos da moda está essa questão da homossexualidade. Respeitar a minoria é politicamente correto, por mais que nossos próprios instintos discriminatórios nos orientem do contrário. O problema é que o discurso das pessoas que estão divulgando o respeito à homossexualidade estão exagerando e fazendo propaganda da coisa.

A maioria, com medo de parecer preconceituosa, cala a boca. Afinal, as pressões da sociedade indicam que o errado é ser preconceituoso. Hoje mesmo eu estava no campus ouvindo um discurso perturbador sobre isso. E percebi que a argumentação se baseava no quesito "construção social". Ou seja, essa história de homem gostar de mulher e mulher gostar de homem seria uma mera construção social. Portanto, como tal, passível de alterações, tendo, assim, seu fim legitimado. Esse discurso do tudo é relativo e nada é certo ou errado é bastante comum entre o pessoal da sociologia.

Isso me lembra da história do cara que é especialista em usar martelos. Quando aparece um problema qualquer, ele vai usar o que ele sabe mais: o martelo, mesmo quando existem ferramentas e métodos mais eficazes. Os sociólogos são mais ou menos assim: para eles, a construção social rege tudo e muda tudo. A realidade é moldada pelo social, inclusive nosso comportamento instintivo, de ordem biológica. Inclusive nossa sexualidade. Pensar assim é previsível. É o que ocorre quando se sabe usar só martelos.

Essas pessoas defensoras do homossexualismo esquecem-se de que a vida como conhecemos na Terra depende de uma relação sexual entre indivíduos de sexos diferentes. Esquecem que o próprio homossexual só existe porque ele tem um pai e uma mãe, homem e mulher, para ser bem claro. E isso é inevitável. Não acho que o homossexual preferisse que seus pais fossem homossexuais e que ele nunca tivesse nascido. Então é isso: defender o homossexualismo como algo correto é defender a não-vida de futuros membros de nossa espécie, sejam homossexuais ou não. De fato, é um bom controlador de natalidade.

Antes de a humanidade poder refletir sobre sua própria existência, antes de ela criar sua realidade social, existia uma realidade da qual ela dependia assim como qualquer ser vivo depende essencialmente: a realidade biológica. Será que essa história de homem gostar de mulher é uma mera criação social arbitrária? Não seria a realidade social influenciada pelas nossas necessidades instintivas básicas de existência como espécie? Vejam os insetos, aves e os demais mamíferos. Será que há, entre eles, uma construção social que os impele a se acasalar com indivíduos de sexo diferente? Isso me faz refletir fantasticamente quais seriam as instituições dominantes da sociedade dos coelhos, pássaros e abelhas que determina, para eles, que eles devem acasalar machos com fêmeas.

Ou seja, chega num ponto em que a ilusão relativista da construção social da realidade acaba. Na verdade, nesse sentido, ela chega a ser ridícula. A realidade não é construída apenas socialmente, mas, também biologicamente. A cultura humana, apesar de ser variada, não pode admitir coisas que vão contra seus próprios instintos. Alguém, nesse momento, poderia afirmar que esse biologismo é também uma mera construção social. Nesse caso, num debate desse tipo, estaríamos perdidos e confusos, limitados a uma eterna discussão sobre o que realmente é real e válido. Se tudo fosse construído socialmente, se tudo fosse relativo, teríamos que concordar que, inclusive, essa própria idéia de que tudo é relativo é, ela mesma, algo relativo.

Dessa forma, divulgar um orgulho gay seria divulgar um orgulho de algo tão banal quanto o fato de ter nascido. No entanto, nem esse seria o caso, já que sua própria existência se deve à uma relação heterossexual, a qual estão tentando desvalorizar. Portanto, quando alguém tem orgulho de ser homossexual, no fim, ele está desvalorizando a sua própria existência. Ou seja, não há nada para se ter orgulho.

Não é no Brasil

Com base no sociólogo Mark Granovetter (1978), podemos dizer que o comportamento violento de indivíduos durante algumas manifestações pode ...