quarta-feira, julho 04, 2012

Negação do Holocausto e nazistas bonzinhos

Hoje, decidi perder tempo, como já fiz algumas vezes, para manifestar minha falta de paciência contra argumentos de gente que insiste em envergonhar a espécie humana. Acredito que, quando alguém decide envergonhar os séculos de estudo e avanço científico que nossos ancestrais nos concederam, que o faça de uma forma que os assemelhe, pelo menos, a espécies menos esclarecidas.

Refiro-me ao texto de um cara do PCdoB e à pena que tenho daqueles que acreditam nele. No texto, ele defende o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad em relação à manifestações feitas aqui no Brasil, durante a Rio+20, contra sua pessoa. Basicamente, durante esse texto ele tenta tornar verdade as seguintes afirmações:

i) Criticar o governo de Ahmadinejad é o mesmo que incitar ódio à fé islâmica.
ii) Israel é um país nazista.

Não é difícil detectar o sintoma de ignorância – isso se não for falta de vergonha – quando ele considera uma manifestação contra Ahmadinejad uma incitação ao ódio contra toda a fé islâmica. É verdade, leitores. Ele fez isso. Se o senhor Ahmadinejad fosse pelo menos um clérigo ou coisa do tipo, alguém ainda poderia confundir as coisas (e eu tentaria perdoá-lo). Ou seja, foi uma forçada das grandes. E tão grandes foram os absurdos escritos que isso lhe rendeu uma resposta do próprio presidente da Conib, que conseguiu ser gentil (até demais) em relação ao caso.

Eu já conheci pessoas de ideologia semelhante ao do tal articulista. Elas têm uma grande facilidade para a miopia intelectual (ou falta de caráter mesmo), muitas vezes tentando fazer da ciência um instrumento para defender suas visões políticas ou ideológicas, um erro que, infelizmente, muitos acadêmicos das ciências humanas praticam de propósito aqui no Brasil.

O rigor lógico é tão desconhecido do articulista que ele caracteriza o Estado judeu de nazista (isso já está batido) sem suspeitar que, fora o próprio absurdo da afirmação, ao fazer isso ao mesmo tempo em que defende integralmente o sr. Ahmadinejad, está enfraquecendo a negatividade e a força acusatória do próprio termo "nazista", usado com tanto orgulho por ele e uma miríade de gente revoltada, para deslegitimar o direito de Israel existir.

Isso ocorre pelo fato de Ahmadinejad defender o revisionismo histórico sobre o Holocausto, negando sua existência. Ora, se isso for levado a sério, implica necessariamente que os nazistas não cometeram nenhum massacre de milhões de pessoas e que, consequentemente, seriam pessoas boas ou, pelo menos, pacíficas. Afinal, qual mal os nazistas teriam feito se eles não perpetraram o Holocausto?

Eu até tentei tirar essa dúvida com o próprio articulista por meio de um comentário deixado no texto em questão, perguntando educadamente como ele explicaria esse "tiro no pé". No entanto, meu comentário sequer foi publicado, apesar de apenas instigar o debate sem qualquer tipo de ofensa ou linguagem agressiva.

Por fim, dentro de uma realidade alternativa onde não existiu o Holocausto, eu mesmo não teria receio em me identificar como nazista e se Israel o fosse, qual seria o problema? Isso demonstra apenas que não é muito inteligente, para aqueles que insistem em usar o argumento absurdo de um “nazismo israelense”, também apoiar integralmente o sr. Ahmadinejad, como o fez o articulista. Mas para esse tipo de gente o que importa é mais combustível para defender sua ideologia a qualquer custo, mesmo o do suicídio intelectual.

Não é no Brasil

Com base no sociólogo Mark Granovetter (1978), podemos dizer que o comportamento violento de indivíduos durante algumas manifestações pode ...