sexta-feira, junho 29, 2007

De novo às cotas raciais

Quando a mídia já havia esquecido a polêmica em relação às cotas raciais, o tema retorna à pauta. No Brasil, mais uma universidade – a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – o adotou nessa sexta-feira (29/06), mesmo que sob protestos de alguns de seus integrantes. Segundo notícia no site da UFRGS, o conselho universitário aprovou o programa que prevê uma reserva de 30% das vagas de cada curso de graduação para alunos autodeclarados negros e oriundos de escolas públicas. Com isso, a universidade gaúcha soma-se às outras 35 universidades brasileiras que já possuíam sistema semelhante. Enquanto isso, nos EUA, a suprema corte adotou uma atitude contrária à esse sistema.

Segundo a sentença do presidente da corte americana, John Roberts, a busca das escolas públicas pela integração racial não quer dizer que elas sejam livres para empreender uma discriminação com base na raça para isso. De fato, o sistema de cotas raciais – seja ele usado nos EUA ou no Brasil – é inqüestionavelmente discriminatório e potencialmente racista. Submete os visivelmente afrodescendentes à humilhação, colocando-os num nível intelectual e de competência abaixo daqueles que não são visivelmente afrodescendentes. Falo “visivelmente” pois, na verdade, segundo pesquisas genéticas e genealógicas, todos os brasileiros – incluindo os de pele clara e olhos azuis – possuem um ou outro ancestral negro.

Sabendo que a limitação de alguém em ingressar no ensino público superior é conseqüência de um deficiente ensino básico e médio, provocado muitas vezes pela falta de investimento na educação pública desses setores, o ideal seria o fim do sistema de cotas raciais e a adoção total às cotas socioeconômicas. Dessa forma, o indivíduo que é visivelmente branco, mas é pobre – e também vítima da falta de investimentos na educação primária – não seria excluído pelo atual sistema misto (racial e social) que estão adotando recentemente em nosso país. Além disso, o critério da pobreza, mesmo não sendo muito objetivo, apresenta uma aplicação mais sensata para um sistema cotista. Ainda há uma questão legal. Afinal, a tentativa da seleção por elementos raciais abala um dos princípios fundamentais da Constituição, que é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

terça-feira, junho 26, 2007

Humor: Eliana canta: "Vai tomar no c..."

Como até o UOL divulgou esse vídeo, farei o mesmo. Divirtam-se: Eliana como vocês nunca viram.

Campanha de trânsito na Austrália tenta ligar alta velocidade à pênis pequeno

Para combater o excesso de velocidade entre os jovens autralianos, as autoridades do país adotaram uma estratégia publicitária que é, no mínimo, interessante. A mensagem tenta relacionar a alta velocidade no volante a uma tentativa de compensar um pênis pequeno.

Além das propagandas na TV e no cinema com o slogan "Alta velocidade. Ninguém te acha grande", a campanha também terá cartazes em pontos de ônibus e um anúncio na internet oferecendo preservativos "extra extra pequenos" aos que se excedem na velocidade.

Para o diretor da agência de trânsito, John Whelan, a campanha pretende transformar o hábito de acelerar além do limite em algo "socialmente inaceitável".

A mensagem pode provocar efeitos esperados no jovém médio, mas qual será o efeito em jovens que realmente possuem pênis pequeno? É preciso cautela em campanhas polêmicas como essa. Mas vamos torcer para que dê certo. Segundo a agência de trânsito de Nova Gales do Sul, o excesso de velocidade é responsável por 220 mortes em acidentes por ano no Estado, cerca de 40% do total.

segunda-feira, junho 25, 2007

“Sr. Juiz, roube com moderação”, diz torcida do América-RN.

Insatisfeitos com a atuação da arbitragem neste início de Campeonato Brasileiro, torcedores do América-RN levaram duas faixas com mensagens de protesto ao jogo deste domingo, contra o Fluminense, no Machadão.

Em uma delas estava grafada a seguinte frase: "Sr. Juiz, por favor, roube com moderação". Na outra, lia-se: "Sr Juiz, respeite o América". A atitude dos simpatizantes do clube potiguar chamou a atenção do juiz da partida, Cléver Assunção Gonçalves. O árbitro confessou constrangimento e afirmou que vai pôr isso no relatório da partida.

A manifestação não deu muita sorte. O América acabou perdendo por 1 a 0, acompanhando a tendência de seu desempenho no campeonato. Das sete partidas do América no Brasileirão, o time perdeu cinco, sendo quatro dentro do próprio Machadão.

domingo, junho 24, 2007

Humor: Joãozinho e Deus

Recebi essa piada pelo Orkut. Muito boa:

Joãozinho queria ganhar 100 reais e rezou durante 2 semanas para Deus. Como nada acontecia, ele resolveu mandar uma carta para o Todo-Poderoso com seu pedido. O correio recebeu uma carta endereçada para "Deus - BRASIL" e resolveu mandá-la para o Lula. Lula ficou muito comovido com o pedido e resolveu mandar uma nota de 10 reais para o menino, pois achou que 100 reais seria muito dinheiro para uma criança tão pequena. O Joãozinho recebeu os 10 reais e imediatamente notou o endereço do remetente "Brasilia - DF". Imediatamente pegou papel e caneta e sentou-se para escrever uma carta de agradecimento:

- Prezado Deus: Muito obrigado por me mandar o dinheiro que eu pedi, contudo, eu pediria que na próxima vez o Senhor mandasse direto pro meu endereço, porque quando passa por BRASÍLIA, aqueles filhos da puta ficam com 90%!

sábado, junho 09, 2007

Estudantes da UFRN atuam como médicos no interior

Nestor Burlamaqui

Mais uma vez, venho alertar a sociedade a respeito de uma realidade que no mínimo nos causa preocupação em relação à saúde pública no Rio Grande do Norte. Agindo de má fé para com os cidadãos, prefeituras do interior do estado estão contratando alunos do curso de medicina da UFRN para trabalhar em plantões que deveriam estar sendo servidos por médicos formados. Essa atitude tipifica claramente exercício ilegal da profissão médica, ferindo a lei brasileira, a ética, e as normas do Conselho Regional de Medicina (RN). Em troca de uma quantia inferior ao pago para médicos formados, esses municípios – além de prejudicar os usuários do sistema de saúde – induzem os jovens estudantes a participar de um verdadeiro tapa-buracos no serviço público.

Talvez esses alunos desconheçam que, segundo o artigo 282 do código penal, estão correndo o risco de serem punidos com até a dois anos de detenção, estragando, dessa forma, a sua reputação profissional. Ouvi um desses alunos alegando a falta de interesse por parte de médicos formados em atender em municípios de pouco recursos. Sendo assim, devido a baixa quantia dos honorários oferecidos pelos municípios, o jeito seria contratar um estudante. Na verdade, o médico entra no esquema apenas com o seu nome. Os estudantes usam o nome do médico, assinando por eles, falsificando todos os documentos referentes às consultas.

Apesar de boa parte da culpa recair sobre as prefeituras, os futuros médicos deveriam refletir sobre o mal que estão fazendo aos outros. Parecem não ligar para o risco que estão colocando em relação à vida de outras pessoas, mesmo sabendo que não possuem conhecimento e experiência médica suficiente para atender sem supervisão. Alguém poderia alegar que, ao perceber um problema mais grave num paciente, o estudante que se passa por médico encaminha-o para um profissional de verdade. Essa saída pode funcionar alguĸmas vezes, mas se o caso do indivíduo for realmente grave e de natureza urgente, não há dúvidas de que existe a exigência de uma maior experiência e perícia por parte do profissional. Se um usuário do serviço público de saúde chegar, em estado grave, diante de um estudante despreparado, o paciente certamente se prejudicará por ter perdido tempo indo se consultar com a pessoa errada. No lugar de resolver o problema no mesmo dia da consulta, tem que adiar essa resolução para outra data, quando seu quadro provavelmente terá piorado.

Uma forma de resolver essa questão seria tornar público que aquele indivíduo, o estudante no lugar do médico, é apenas um estagiário e não um profissional pleno. E mesmo assim ainda faltaria um médico de verdade que supervisionasse o serviço do aluno, como ocorre em muitos hospitais.

Enquanto isso ocorre, os envolvidos nesse esquema prosseguem – talvez sem muito remorso – argumentando que ter um aluno despreparado para atender os usuários é melhor do que nada. De fato, é essa realidade de tapa-buracos que venho criticar. Muitos podem vê-la apenas como mais um problema oriundo de nosso deficitário sistema de saúde pública e, portanto, banal e sem muita importância. Mas esse tipo de pensamento deveria se restringir apenas a pessoas acomodadas ou medrosas, que não se preocupam com o bem comum ou temem represálias. Porém, considero dever de todo o cidadão lutar, da forma como pode, para impedir que injustiças como essa ocorram. Não cito nomes. Desejo apenas alertar à população em geral e às autoridades competentes para que impeçam o prosseguimento de tal fato criminoso contra a nossa sociedade.

terça-feira, junho 05, 2007

Chávez x RCTV: A luta pelo controle da informação

Na Carta Capital dessa semana a revista destaca a influência da mídia na política e dentre vários aspectos dessa influência, apresenta uma opinião interessante, na matéria intitulada "Nem Estado nem mercado", que faz uma boa ressalva frente a posição da grande maioria dos meios de comunicação. Abre os olhos para o caso do canal de tv venezuelano RCTV, que teve negada a renovação de sua concessão de transmissão.

Enquanto toda a mídia brasileira repudia a atitude do presidente venezuelano Hugo Chávez como um ato contra a liberdade de expressão, a Carta Capital, através de Antonio Luiz M. C. Costa, lembra que "Se Chávez é ameaça à expressão livre, idem os oligopólios da informação". Leia a matéria.

Comunicação empresarial faz bem

Por Nestor Burlamaqui

Ao contrário do que muitos empresários brasileiros acreditam, a imagem ou a reputação de uma empresa não depende apenas de propaganda na TV e no rádio ou de sua eficácia produtiva. De fato, esses elementos são muito importantes, mas muitos desconhecem que, se o público interno de uma organização – no caso, os empregados – não estiver satisfeito com as políticas da empresa, não só a eficácia dela estará comprometida, mas também a sua imagem e reputação diante do público externo, que são os clientes, fornecedores e a sociedade em geral. É fato que – talvez por desconhecimento ou por simples falta de recursos – a aplicação de políticas de comunicação empresarial é algo raro entre as empresas potiguares.

Porém, pequenas ações podem melhorar bastante o clima interno e, consequentemente, a imagem externa de uma organização. Por exemplo, algo que, se fosse corrigido, melhoraria bastante o clima interno das empresas brasileiras, é a falta de informação para novos empregados; que acabam por ter que descobrir como funciona a organização e suas atribuições por conta própria e quase sempre através de boatos, mentiras e desmentiras. Ou seja, as chances de o novo empregado ver a empresa de forma negativa é muito grande. Isso afeta a produção diretamente. Muitos nem sabem exatamente o próprio papel na organização. Certamente, muitas empresas – sejam privadas ou públicas - têm falhas na orientação para novos funcionários. Na verdade, quando há algum tipo de orientação formal já podemos considerar muita coisa para os padrões locais. Porém, muitas vezes, quando há algo escrito com esse objetivo nem sempre o que há no papel representa ao menos cinqüenta por cento da realidade. Geralmente, esse problema ocorre devido à própria falta de determinação por parte da diretoria quanto às atribuições exatas de uma função empregatícia. Quando não é por isso, deve-se à infeliz escolha de se usar funcionários “faz-tudo” – que é uma atitude perigosa, pois freqüentemente tipifica desvio de função, um prato cheio para ações judiciais trabalhistas contra a empresa e conseqüente aumento de dívidas.

A decisão de estabelecer de forma adequada as atribuições de um empregado, além de ajudar o indivíduo a trabalhar com mais qualidade, também reduz bastante a tensão inicial da pessoa sobre o seu papel na empresa. Isso faz com que ele tenha maior segurança de que não será usado de forma inadequada; por exemplo, para comprar o lanche do patrão na esquina ou enfrentar uma fila para quitar a conta de luz de um colega. Infelizmente esses exemplos não representam exagero e servem bem para mostrar o drama. Resumindo: dê segurança ao seu empregado. Não custa nada além de um pouco de decisão.

Proporcionar uma comunicação interna satisfatória também é uma boa dica para melhorar o clima interno de uma empresa e evitar os temíveis, porém comuns boatos. Uma das formas de se fazer isso é a produção e distribuição de um jornal da empresa com informações de real interesse dos funcionários. É bom lembrar que eles não querem saber só dos recordes de produção da companhia ou de novas parcerias com outras entidades. São assuntos importantes, mas longe de serem exclusivos. Um dos pecados das empresas que produzem jornais internos é a divulgação de muitas matérias que relatam apenas as ações diretas da diretoria. Isso prejudica a credibilidade da publicação – não só internamente, mas também diante do público externo (jornalistas, clientes etc) – que é vista como apenas uma forma de promoção dos diretores. O jornal também deve ser usado para antecipar as informações aos empregados, esclarecendo-os antes de se formar um boato indesejado. Ou seja, se o salário do mês for atrasar uma semana, esclareça isso antes que o boato faça os empregados crerem que ficarão sem dinheiro durante um mês inteiro ou pior.

Adotar essas e outras ações de comunicação interna – com a ajuda de um profissional capacitado – cria harmonia com as ações externas (propaganda, press-releases etc) e uma conseqüente verossimilhança com todas as informações emanadas de uma organização. Assim, a imagem externa será beneficiada e as chances de se conseguir mais clientes certamente aumentarão. Agrade e esclareça seus funcionários; e terá uma boa imagem. Desrespeite-os e ignore-os; e não terá assessoria de imprensa ou de relações públicas que salve a reputação e a imagem de sua organização. A menos que você seja adepto do “falem mal, mas falem de mim”, sempre é bom tomar atitudes para que a sociedade tenha uma opinião favorável ao seu negócio.

Não é no Brasil

Com base no sociólogo Mark Granovetter (1978), podemos dizer que o comportamento violento de indivíduos durante algumas manifestações pode ...