Segundo a sentença do presidente da corte americana, John Roberts, a busca das escolas públicas pela integração racial não quer dizer que elas sejam livres para empreender uma discriminação com base na raça para isso. De fato, o sistema de cotas raciais – seja ele usado nos EUA ou no Brasil – é inqüestionavelmente discriminatório e potencialmente racista. Submete os visivelmente afrodescendentes à humilhação, colocando-os num nível intelectual e de competência abaixo daqueles que não são visivelmente afrodescendentes. Falo “visivelmente” pois, na verdade, segundo pesquisas genéticas e genealógicas, todos os brasileiros – incluindo os de pele clara e olhos azuis – possuem um ou outro ancestral negro.
Sabendo que a limitação de alguém em ingressar no ensino público superior é conseqüência de um deficiente ensino básico e médio, provocado muitas vezes pela falta de investimento na educação pública desses setores, o ideal seria o fim do sistema de cotas raciais e a adoção total às cotas socioeconômicas. Dessa forma, o indivíduo que é visivelmente branco, mas é pobre – e também vítima da falta de investimentos na educação primária – não seria excluído pelo atual sistema misto (racial e social) que estão adotando recentemente em nosso país. Além disso, o critério da pobreza, mesmo não sendo muito objetivo, apresenta uma aplicação mais sensata para um sistema cotista. Ainda há uma questão legal. Afinal, a tentativa da seleção por elementos raciais abala um dos princípios fundamentais da Constituição, que é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
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