domingo, setembro 21, 2008

Ônibus 174: a violência urbana e a saudade do óbvio

É preciso cautela para comentar um filme que ainda não vi, nem sequer está nos cinemas, ainda. Podemos, por enquanto, basear em informações prévias sobre o filme para tecer alguma opinião.


O filme sobre a tragédia do ônibus 174 nos traz uma abordagem preocupante, bem parecida com aquela de Cidade de Deus. O lado do bandido é o ponto. O bandido é o personagem principal. Problemas sociais, a pobreza, a violência urbana e a piedade são pontos evocados como justificação de uma vida criminosa. O bandido é visto como vítima; e a vítima é vista como o quê? No ponto de vista de filmes com esse tipo de abordagem, a vítima morta pelo bandido é apenas uma coadjuvante, tanto do filme como na própria vitimização. A vítima maior é o bandido. A mulher que tentava viver sem violência, numa vida também penosa, é uma vítima menor. Temos pena dela, mas isso é apenas uma conseqüência dos problemas sociais. Esquece-se a culpa do bandido, coitado, vítima primeira da sociedade. Nós somos os culpados. Veja que estranho: segundo esses filmes, a culpa é minha e sua. Nós somos os assassinos. Por favor, me prendam.


É perigosa a exibição e o reconhecimento desse tipo de justificação social do crime. Pobres bandidos. Pobres assaltantes. Pobres assassinos. Pobres estupradores. Vamos ter pena dos criminosos. Parece que o óbvio está cada vez mais distante. Por que não mostramos a vida das verdadeiras vítimas, antes de terem sido finalizadas permanentemente pelo bandido? O sofrimento do bandido foi maior? Quem julga isso?


Tentar viver dentro das normas e longe do crime é difícil. Fácil é chutar o pau da barraca, arranjar uma arma e sair por aí – liberto das normas sociais – praticando a violência primordial: “Pego o que eu quero. Sua vida é minha agora porque eu quero! Passe o dinheiro!” A justificação social do crime facilita mais ainda: “Sou desempregado. Sou pobre. Logo, posso matar para sobreviver”. É a lei da selva - que rege onde não há humanidade - cada vez mais expulsando a lógica da obviedade e do Homem. Está chegando o dia em que não será preciso livrar-se das normas para praticar crimes, pois - segundo a lógica divulgada por esses filme - a sociedade deverá considerar normal tais atitudes, simplesmente por que elas são compreensíveis; como se o fato banal de entender as causas do crime fosse suficiente para amenizar a culpa de seus praticantes. Retornamos à selva. Mas é uma nova selva, agora justificada.


Aqui em Natal uma enfermeira morreu por um bandido que assaltava o ônibus no qual ela se deslocava para ir ao trabalho. O bandido, coitadinho, continua solto, pronto para outros assaltos e outras mortes. Vamos ter pena de quem?

terça-feira, setembro 02, 2008

Motorista que beber pode ficar sem seguro de vida

O motorista que dirigir embriagado e se envolver em acidente pode perder o direito ao seguro de vida. Uma decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça entendeu que a embriaguez pode ser um agravante que libera a seguradora de fazer o pagamento. A decisão foi tomada no processo de uma viúva que reivindicava o seguro.

Foi rejeitado o recurso de Maria Dilza Porto, viúva de motorista, que reivindicava o recebimento da indenização. O STJ referendou decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que já havia isentado a seguradora do pagamento.

A antiga jurisprudência previa pagamento do seguro.

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Não é no Brasil

Com base no sociólogo Mark Granovetter (1978), podemos dizer que o comportamento violento de indivíduos durante algumas manifestações pode ...