quarta-feira, novembro 08, 2017

Machismo é o verdadeiro problema da violência?

"Brasil tem 12 assassinatos de mulheres e 135 estupros por dia, mostra balanço”, diz matéria da Folha de S. Paulo [1] de 30/10/2017. O problema é sério, mas o jornalista esqueceu de colocar a quantidade de homens que morrem por dia: 156. Ou seja, segundo dados da mesma fonte [2] (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), morrem 13 vezes mais homens do que mulheres por homicídio no Brasil. 

Alguém pode falar que a maioria dos culpados pelas mortes das mulheres pertence ao sexo masculino. No entanto, fazer isso é demonizar o homem, generalizando como se todos eles fossem assassinos e como se todas as mulheres fossem vítimas, quando sabemos que isso é uma falácia. Além disso, em outros países, esses números seriam inimagináveis, como é o caso dos Estados Unidos. Percebemos, então, que o problema está no comportamento do brasileiro como um todo e não no sexo do indivíduo.

Notícias com esse enquadramento nos fazem esquecer duas coisas: a) a natureza do problema e, consequentemente, b) qual a causa do problema.

Primeiramente, o problema da violência é de todos e não só das mulheres. Enquanto o jornalismo tentar jogar mulher contra homem, negro contra branco e pobre contra rico, continuaremos andando para trás, fazendo campanhas para reduzir a violência masculina e chamando todos os brasileiros honestos de machistas violentos.

Enquanto isso, os verdadeiros culpados não estão nem aí. As quadrilhas de bandidos que fomentam o narcotráfico continuarão aumentando a horda de viciados em seus produtos e ampliando suas práticas criminosas (assaltos, homicídios e latrocínios) para garantir esse mercado. Os usuários invariavelmente acabam entrando no mundo do crime e cometem crimes, incluindo homicídios, para aplacar dívidas causadas pelo vício [3].

A cultura das periferias (favelas e presídios) carioca e paulista — de onde nasceram as quadrilhas mais influentes, já espalha-se pelo Brasil, sendo um indício do aumento de sua influência não apenas na venda de drogas ilícitas, mas também no comportamento das pessoas, as quais cada vez mais adotam valores (ou a falta deles) inerentes ao que chamo de ralé moral brasileira.

Os indivíduos da ralé moral brasileira observam as mulheres como meros objetos sexuais (como é bem visível nas letras de certas músicas do funk carioca e nas danças), têm a ostentação material como objetivo maior na vida e tendem a usar da violência física no lugar de recorrer aos mecanismos sociais — como o auto-controle e a cortesia — que a civilização ocidental criou para reduzir drasticamente a quantidade de homicídios no mundo, conforme relatado por Steven Pinker na obra "Os Anjos Bons da Nossa Natureza: Por que a violência diminuiu".

Em outras palavras, a influência crescente do narcotráfico aumenta não somente comportamentos considerados machistas — tanto entre homens como entre mulheres — como também o número de assassinatos, latrocínios, roubos e assaltos. Nesse sentido, tentar culpar todos os homens pela violência no Brasil ou é uma grande ignorância de nossa realidade ou apenas uma grande falta de caráter.


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[1] Veja a matéria no link: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1931609-brasil-registrou-135-estupros-e-12-assassinatos-de-mulheres-por-dia-em-2016.shtml

[2] Veja o infográfico no link: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/10/infografico2017-vs8-FINAL-.pdf

[3] Segundo a socióloga Alba Zaluar, a linha que divide traficantes de usuários é bastante tênue e muitas vezes os usuários escalam sua participação em organizações criminosas.

sábado, outubro 28, 2017

Cientistas brasileiros debatem o formato da Terra



O professor de Física da UFRGS, Fernando Lang, promove uma palestra intitulada “Sobre a forma da Terra”, que está sendo apresentada em diversos eventos científicos pelo Brasil. Só em outubro, a palestra foi apresentada em Porto Porto Alegre (19/10), Brasília (23/10) e Natal (25/10). Dedicada ao público acadêmico, as palestras são motivadas por um debate inusitado que tomou conta das mídias sociais a respeito do formato do planeta: a Terra seria uma esfera ou um mundo plano?

No site do Facebook, a página americana da Sociedade da Terra Plana (The Flat Earth Society) possui mais de 100 mil seguidores do mundo inteiro. Aqui no Brasil, a página “A Terra é plana” já possui 79 mil seguidores.

Disposto a combater as crescentes alegações de que a Terra seria plana, o professor é ativo em discussões na internet. Para Lang, o modelo de uma Terra plana é anacrônico e esdrúxulo, uma concepção que têm origem em interpretações literais de passagens bíblicas. “Atualmente, a internet, conforme notou Humberto Eco, deu voz aos idiotas da aldeia. Teorias negacionistas e conspiracionistas proliferam nas redes sociais. Terra Plana é apenas uma das tantas imbecilidades.”, destacou.

Num artigo intitulado “Sobre a forma da Terra”, Lang descreve algumas peculiaridades do pensamento terra-planista (termo que designa os adeptos da Terra plana): a Lua possuiria iluminação própria, o Sol estaria há poucos milhares de quilômetros da superfície terrestre, as viagens espaciais seriam impossíveis, o homem não foi à Lua; e até mesmo a existência dos satélites de comunicações é negada. Segundo Lang, o responsável pelo retorno dessa concepção foi o inventor britânico Samuel Rowbotham (1816-1884), que escreveu uma obra intitulada “Astronomia Zetética: a Terra não é um globo”. Muitas das ideias desse autor são adotados hoje pelos terra-planistas.

O OUTRO LADO
“A Terra possui todas as evidências de que é plana”, afirmou o doutor em geofísica e ex-professor da Universidade de São Paulo, Afonso de Vasconcelos Lopes. Num vídeo publicado na internet, ele reconhece ser o primeiro geofísico a admitir essa visão do mundo, embora ele ainda esteja estudando a “nova” concepção.

Para ele, a hegemonia da crença no modelo da Terra esférica ocorreu devido à propagação de um erro sobre a natureza de nosso mundo. Um engano inicial teria desencadeado outros erros; e o consenso entre cientistas e a grande mídia propagou-os até os dias de hoje. Portanto, segundo Afonso, não seria necessária uma “super conspiração” internacional para enganar o mundo inteiro, como acredita uma boa parcela dos terra-planistas.

Ele também destaca a falta de liberdade dentro do mundo acadêmico em questionar as teorias científicas mais aceitas. De fato, quando anunciou suas ideias na internet, o geofísico foi “bombardeado” por críticas e xingamentos. “Isso não é uma discussão de criancinhas”, enfatizou, revelando que também demorou a questionar o modelo vigente. “Eu também fiquei muito nervoso quando um amigo contou-me sobre o modelo da Terra plana, pois eu tinha como certa a ideia da Terra como um globo”, disse ele.

O geofísico mantém um canal no YouTube onde também questiona outras teorias amplamente aceitas dentro da comunidade científica, como a teoria da relatividade e o darwinismo.

O MODELO DA TERRA PLANA



Para os terra-planistas, a Terra seria estacionária, ou seja, ela não giraria em torno de si, nem em torno do Sol. Os adeptos dessa crença apontam para a estranheza no fato de a humanidade observar as mesmas estrelas no céu há milhares de anos, apesar de nosso planeta estar teoricamente vagando pelo universo a uma velocidade de mais de 870.000 km/h.

Se a Terra não é um globo, ela não teria polos. Ou seja, o que conhecemos como sendo o Polo Norte seria a região central do mundo; e a Antártida não é um continente no Polo Sul, mas sim a região gelada que cerca todo o mundo conhecido. Os terra-planistas alegam que uma das evidências disso seria a inexistência de vôos comerciais que sobrevoam o “suposto continente antártico” no sentido Norte-Sul. Para eles, o Tratado da Antártida (1959) impede que pessoas não autorizadas explorem a região e descubram que não vivemos num globo.

O Sol seria um pequeno luminar que circula sobre a superfície da Terra há apenas alguns milhares de quilômetros. Quando ele se distancia de uma região, ele ficaria tão longe que anoiteceria. Dessa forma, não existiria pôr do sol atrás da curvatura do planeta, como costuma-se pensar.

Os críticos desse modelo afirmam que ele é impossível, pois, se vivêssemos num mundo plano, o Sol e a Lua sempre poderiam ser vistos de qualquer lugar do mundo e em qualquer hora; mas não é só isso. Eles já apresentaram diversas contestações desde que essa teoria ressurgiu com mais força na internet, por volta de 2015. O prof. Fernando Lang, por exemplo, mantém um site na página virtual do Instituto de Física da UFRGS, com vários textos que objetivam refutar o modelo da Terra Plana.

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO
Uma foto da Terra tirada do espaço seria uma prova cabal do verdadeiro formato do planeta, mas — para muitos terra-planistas — a Nasa e as demais agências espaciais estão fora da lista de fontes confiáveis, pois demonstram inconsistências em suas informações, além de estarem comprometidas em enganar a população. Um dos fatos mais suspeitos seria que a Nasa afirma não mais possuir a tecnologia usada para ir à Lua entre 1969 e 1972.

Durante uma entrevista, o astronauta Donald Pettit afirmou que a Nasa destruiu essa tecnologia, de modo que hoje eles não conseguiriam repetir a viagem até a Lua. Além disso, em 2006, a Nasa informou ter perdido as 700 caixas da gravação original feita pelos astronautas da missão Apolo 11, da chegada à Lua. Os céticos afirmam que somente com a gravação original seria possível analisar as imagens em alta resolução e constatar a veracidade da viagem.

Essas suspeitas alimentam teorias da conspiração, nas quais os governos, juntamente com as agências espaciais, estariam enganando a população para ocultar a realidade a respeito da verdadeira natureza do mundo.

GLOBALISTAS VERSUS TERRA-PLANISTAS
Existem várias comunidades virtuais dedicadas ao tema. Enquanto algumas defendem que a Terra é plana, outras reagem, defendendo que ela é um globo (estes são chamados de globalistas). Por exemplo, no Youtube, destacamos dois canais que reúnem milhares de seguidores: o canal Sem Hipocrisia e o canal Sistemático. O primeiro é terra-planista e, em alguns de seus vídeos, apresenta experimentos tentando verificar se é possível detectar a curvatura da Terra, já que ela seria esférica. O segundo dedica-se a refutar os argumentos levantados pelo canal terra-planista, alimentando a polêmica e atraindo cada vez mais curiosos. Ambos os lados alegam adotar o método científico.

Tanto no Brasil quanto no exterior, os experimentos realizados pelos terra-planistas geralmente são feitos no mar, nos quais os responsáveis demonstram poder avistar formações geográficas e cidades que, segundo eles, não deveriam ser vistas caso a Terra fosse esférica, devido à grande distância entre esses locais e o observador. Enquanto os terra-planistas afirmam que seus experimentos não encontraram a suposta curvatura, os globalistas reavaliam os resultados, afirmando que a curvatura foi encontrada. Entre acusações de desonestidade intelectual e fanatismo religioso, a discussão entre os dois grupos segue acirrada.

CAINDO NO ABISMO
“Se a Terra é plana, por que você não vai até a suposta borda terrestre e se joga no abismo?”. Essa é uma das principais provocações feitas contra os terra-planistas nos debates pela internet. Porém, para os crentes no mundo plano, essa missão suicida seria impossível. Segundo eles, quando navega-se no sentido Leste-Oeste, o viajante está apenas circulando o centro da Terra, visto que o Norte magnético é o centro do mundo.

Um explorador que viajasse no sentido Norte-Sul depararia-se com a Antártida. Indo além dessa região, alguns terra-planistas acreditam que existiriam novas terras inexploradas. Outros acreditam que o explorador seria impedido de ir adiante por uma barreira de vidro fundido, o domo que envolve a Terra. Em outras palavras, não haveria um abismo de onde alguém poderia despencar.

A crença num domo gigantesco que envolve o mundo vem do conceito bíblico de “firmamento”, que seria uma estrutura rígida e intransponível que separa a atmosfera terrestre das águas que estariam acima, conforme descrito em Gênesis. Desse modo, o espaço sideral seria, na verdade, composto por água e não pelo vazio. O firmamento seria a estrutura protetora que impede que essas águas inundem a Terra.

No “Manual politicamente incorreto da ciência”, o ensaísta americano Tom Bethell denuncia o mito segundo o qual, durante a Idade Média, a maioria dos cristãos acreditava que a Terra era plana. Ele atribui essa crença a pensadores americanos do século XIX, como John William Draper e Andrew Dickson White. Segundo Bethell, foi deles a ideia de que a Igreja Católica seria inimiga do conhecimento e difundia a crença na qual navegadores que se afastassem demais da Europa cairiam nos abismos da borda da Terra. Bethel demonstra que, embora a viagem de Cristóvão Colombo tivesse sofrido algumas objeções, nenhuma delas foi relacionada à esfericidade da Terra.

Na obra, Bethell aponta vários mitos amplamente aceitos dentro e fora do mundo científico. Como exemplos, têmos a questão do aquecimento global como causa da ação humana; o darwinismo como uma verdade plena; a esperança nas energias ecológicas (solar e eólica); e a crença na epidemia alarmante da Aids no continente africano. Segundo o autor, muitos desses mitos são mantidos essencialmente devido a interesses financeiros de grande parte da comunidade científica. “Esse objetivo financeiro se traduz em obter mais verba para suas pesquisas, que se materializa em bolsas de pesquisas para eles e seus acólitos, e rios de dinheiro para seus equipamentos e edifícios”, escreveu ele.

quarta-feira, março 22, 2017

Ciência de verdade ou fé nos cientistas?


No final de um documentário, o físico Stephen Hawking afirmou que a origem do universo pode ser explicada sem a necessidade de um criador e que, por consequência, poderíamos dizer que não existe vida após a morte. Eu admirava o Hawking, mais pela imagem de genialidade que nos é transmitida pela TV, mas depois dessa conclusão ilógica, tive uma decepção, mas foi bom, pois eu pude ver o quanto de fé está impregnada no atual mundo científico.


Após o advento iluminista, os cientistas começaram a adquirir o status de novos sacerdotes. Se antes o que a Igreja dizia era considerado a verdade, hoje, cada vez mais pessoas simplesmente acreditam no que os cientistas dizem, até mesmo em homenzinhos do espaço [1], sem fazer questionamentos. Se antes as verdades eram imutáveis (dogmas religiosos), hoje, algumas crenças com base na ciência alteram-se de uma década para a outra, às vezes num ritmo até mais rápido, como podemos constatar perante descobertas nutricionais. Ovo faz mal? Colesterol faz bem? E o glúten? Vivemos em tempos de "verdades" líquidas, tomando aqui emprestado um termo do Bauman. E, mesmo perante tanta confusão e desmentidos, continuamos tendo plena fé neles.

A alteração das atuais crenças em pouco tempo é previsível, pois a ciência não produz dogmas, e seus métodos rigorosos podem destruir teorias consideradas verdadeiras pelos mais descuidados, a qualquer momento. Em outras palavras, é muita ingenuidade vestir de santidade uma descoberta científica que, em sua própria essência, é frágil demais para ser elevada ao nível de uma crença. No entanto, muita gente tem fé em muito do que a ciência afirma, sem saber das inúmeras trapalhadas, enganos e fraudes que são bem mais comuns do que imaginamos nesse meio, como apresentado na obra “Penso, logo me engano: breve história do besteirol científico”, de Jean-Pierre Lentin.

Dentro do darwinismo, temos exemplos como o embuste do Homem de Piltdown e o caso de fraude, em 2005, a respeito dos famosos Neanderthais [2]. Segundo Lentin, existiram outros problemas na história da busca por fósseis de ancestrais primatas dos humanos, uma caçada que teve seus primórdios em meados do século XIX. “O Ramapiteco, achado na Índia em 1934, é por muito tempo considerado um autentico elo pré-humano — até o início dos anos 80. Hoje em dia, prefere-se pensar que se trata de um ancestral do orangotango. O Sivapiteco, descoberto nos contrafortes do Himalaia, conhece o mesmo esplendor e decadência, pior ainda, pergunta-se hoje se o Sivapiteco é mesmo uma espécie. Ele é bem menor que o Ramapiteco e é frequente encontrar-se os restos de uma e outra espécie a pouca distância. E se fossem simplesmente machos e fêmeas? Quanto ao Gigantopiteco, encontrado no Sul da China, oferecia, com seu grande tamanho, um ancestral mais prestigioso que os demais. Mas não, é apenas um macaco grande, cuja linhagem se extinguiu (…).”, escreveu Lentin.

Hoje, temos nossa suposta ancestral mais célebre, “Lucy”, um conjunto de fósseis de ossos que seriam de um Australopithecus afarensis, e que assemelha-se bastante a um chimpanzé, de modo que nada impede que ela também sejam apenas membro de uma espécie extinta de macacos, sem parentesco com os humanos. Alguns criacionistas citam o caso de Ötzi, o "homem do gelo” que teria vivido há mais de cinco mil anos, como também sendo um engano, mas eu ainda não encontrei uma fonte confiável que indicasse isso.

Além disso, apesar de tantos fósseis e ossadas encontrados pelos cientistas, não há uma prova concreta de que a teoria da evolução se aplique aos seres humanos. É difícil de acreditar, não? Mas, dentro do método científico, é verdade, pois ainda não foi encontrado o elo perdido da suposta cadeia evolutiva, de modo que o próprio rigor do método deixa o darwinismo no nível de mera teoria em relação às origens da humanidade. Afinal, é estranho como conseguiram encontrar nossos supostos ancestrais mais antigos, mas não encontraram o mais recente.

A oposição criacionista à teoria da evolução é pregada nos colégios como sendo uma atitude patética, digna de fundamentalistas religiosos negadores do pensamento racional. Porém, o que percebi é que essa oposição não é feita apenas usando as Escrituras. Alguns criacionistas são sensatos e apresentam evidências e contestações bastante plausíveis ao que a maioria de nós foi condicionada a adotar como verdade plena e santificada. Existem cientistas de verdade — os quais são geralmente deixados de lado — que têm grandes razões para desconfiar de coisas como teoria da relatividade, darwinismo ou que a Terra teria 4,5 bilhões de anos. Não seria o caso de descartar tais teorias, mas sim de adotar uma maior cautela e não assumí-las como dogmas.

Por exemplo, esses cientistas mais cautelosos contestam os resultados da datação de rochas e fósseis, afirmando que os métodos utilizados chegaram a indicar a idade de fósseis de alguns mamíferos atuais como tendo vivido no mesmo tempo dos dinossauros, há mais de 65 milhões de anos, o que seria impossível segundo as teorias mais aceitas. Eles demonstram a falibilidade também do método de datação da idade da Terra, como podemos ver de modo simples numa série de vídeos do geofísico brasileiro Afonso de Vasconcelos Lopes [3]. A argumentação do geofísico não é baseada em fé religiosa, mas sim em artigos científicos de revistas bastantes conceituadas, como a Science e a Nature.

Existe até mesmo a suspeita de que alguns dinossauros co-existiram com os seres humanos, como podemos ver em artigos científicos [4], com descobertas sugerindo que eles teriam vivido numa época muito mais recente do que se imaginavam. Esses trabalhos relatam a existência de tecido mole (vestígios de proteínas, hemoglobina e colágeno) em fósseis de dinossauros, indicando que as amostras eram novas demais, e gerando a suposição autêntica de que os dinossauros — ao menos os das amostras — teriam vivido há uns poucos milhares de anos.

Um dos pesquisadores, o Mark Armitage, foi demitido pouco depois de ter publicado seu trabalho sobre o achado de tecidos moles num Triceratops, sob a alegação de que a religião dele não seria tolerada dentro do departamento de biologia da universidade. Como, desde que entrou na universidade, ele sempre declarou-se cristão (inclusive na entrevista de admissão), supõe-se que a demissão foi causada pelo fato de ele ter feito ciência de verdade e publicado seu trabalho.

A ineficácia dos métodos de datação e alguns indícios de que seres jurássicos teriam vivido há uns quatro ou cinco mil anos fazem algumas pessoas desconfiar legitimamente da idade de 4,5 bilhões de anos da Terra. Da mesma forma, não seria o caso de dizer que ela teria apenas seis mil anos, como dizem alguns criacionistas, mas sim de deixar essa questão em aberto para novas pesquisas.

No entanto, o que ocorre é o contrário. Boa parte dos cientistas apenas nega quaisquer evidências desse tipo, pois num modelo de Terra jovem não caberiam as evoluções/transformações de seres simples em espécies complexas dentro de tão pouco tempo. Os ateus, maiores devotos da fé cega nos dogmas da ciência, são os que mais sentem-se ameaçados. No entanto, questionar as teorias mais aceitas não implica em defender que a Bíblia ou os criacionistas estejam plenamente corretos sobre o mundo físico.

Mesmo assim, debates desse tipo são carregados de paixão, como numa briga de torcidas. Caso alguém comece a questionar o darwinismo ou a Teoria da Relatividade, mais do que um debate imparcial e ponderado, é mais fácil vermos medo, xingamentos e tentativas de ridicularização. Dessa forma, sem pretender fazer generalizações, podemos dizer que o dito mundo científico é mais um espaço religioso do que um lugar de produção de conhecimento em busca da verdade objetiva. Afinal, assim como em vários ambientes humanos, é um lugar onde o poder está em jogo.

Como ex-acadêmico de comunicação e sociologia, eu já conhecia a intolerância dentro das "ciências" humanas e enxergava o meio social das ciências da natureza como sendo bem mais imparcial, mas vejo agora o quanto eu estava equivocado. Se, nas humanas, Marx, Bourdieu e a Escola de Frankfurt compõem o panteão divino, nas ciências naturais ninguém pode tocar em Newton, Darwin ou Einstein.

A maioria das pessoas são preguiçosas e não gostam de reconsiderar suas visões de mundo (e muitas vezes nem precisam), mas os cientistas deveriam estar sempre abertos, já que a própria ciência não admite verdades absolutas e imutáveis. A curiosidade deveria ser uma das maiores virtudes de um homem da ciência, bem mais do que simples fé em teorias sobre coisas que só existem no mundo da imaginação e da matemática, como é o caso da Lei da Gravitação Universal e sua filha, a Teoria da Relatividade.

No entanto, as evidências estão aí e precisam ser verificadas, de modo que os atuais paradigmas e modelos de várias teorias e hipóteses sejam revistos, abandonados ou confirmados, dentro dos mesmos parâmetros rigorosos da ciência, claro. Por exemplo, há diversas evidências genuínas de que o modelo de uma Terra esférica (seja uma esfera perfeita, como nas belas fotos da Nasa [5], seja em forma de geoide, como dizem uns, ou em forma de pêra (?!), como falou o astrofísico popstar Neil deGrasse Tyson) apresenta inconsistências interessantes.

Se a Flat Earth Society não está plenamente correta sobre suas alegações a respeito de uma mundo plano, esse grupo e seus seguidores nos deram valorosas contribuições para contestar/corrigir o modelo atual, as quais devem ser verificadas seriamente, sem as paixões de um crente. Por exemplo, existem trajetos de voos comerciais que parecem ter mais sentido num mapa de uma terra plana do que num mapa do globo; são apresentadas inconsistências nos cálculos do atual modelo astronômico em relação à distância do Sol, à órbita dos planetas e à circunferência da Terra; além da desconfiança legítima de que algumas fotos da Nasa teriam sido manipuladas (comparando-se fotos da Terra tiradas do espaço em 1972 e em 2012, veremos que o continente americano aparece aproximadamente três vezes maior na foto de 2012).

Mapa da Terra plana: O Polo Norte estaria ao centro do mundo e o Polo Sul não existe. Segundo os adeptos da Terra plana, a Antártida na verdade é o gelo que cerca nosso mundo por todos os lados. O fato de não existirem voos por sobre a Antártida alimenta a crença entre os membros desse grupo.

Embora muitos físicos afirmem que a curvatura da Terra só possa ser vista de uma altitude muito elevada, o horizonte sempre permanece perfeitamente plano, mesmo em altitudes acima de 100 km (espaço sideral), como qualquer um pode ver no voo do foguete V2 em 1946, cujo vídeo está disponível na web. Isso não comprova que a Terra seja plana, nem que seja esférica, mas sugere que o atual modelo precisa de certos esclarecimentos.

Video do lançamento do foguete V2, em 1946, que alcançou a altitude de 104 Km (65 milhas).

É bom lembrar que uma coisa é o modelo adotado para representar a realidade e outra coisa é a própria realidade. Inúmeras vezes, na história da ciência, teorias e paradigmas amplamente aceitos por séculos foram corrigidos ou abandonados. Embora o astrônomo midiático Carl Sagan fosse um aficcionado por criaturas alienígenas, num momento mais lúcido ele escreveu isto na obra "O mundo assombrado pelos demônios": “(…) no início dos anos 50, comecei a entender um pouco como a ciência funciona, (…) como os padrões de evidência devem ser rigorosos para realmente sabermos se algo é verdadeiro, quantos pontos de partida falsos e becos sem saída atormentaram o pensamento humano, como os nossos viesses podem colorir a interpretação da evidência, e quantas vezes sistemas de crenças mantidos por muitas pessoas e apoiados pelas hierarquias políticas, religiosas e acadêmicas revelam estar não apenas um pouquinho errados, mas grotescamente equivocados”. É bastante provável que os atuais modelos estejam repletos de erros, talvez de forma que seja melhor criar novas teorias em alguns casos. Quem sabe? Humanos erram.

É claro que um debate contestando as atuais teorias da ciência atrai muitos lunáticos, e não demora para que esse tipo de coisa misture-se com invencionices de teóricos da conspiração. Segundo eles, as atuais teorias científicas (especialmente o atual modelo do sistema solar) seriam resultado de um plano diabólico orquestrado por sociedades secretas que desejam esconder a verdade da maioria da população mundial.

Entretanto, para que uma teoria seja amplamente aceita numa sociedade, não precisa existir uma campanha de desinformação patrocinado por elites ocultas satanistas. Basta que uma ideia seja aceita por boa parte da comunidade de cientistas (mesmo que tenha falhas) e, em seguida, que a mídia comece a divulgar isso em filmes de ficção científica, documentários com astrofísicos popstars repletos de animação computadorizada em alta definição, e desenhos animados para crianças. Star trek, Cosmos e Wall-E. Em alguns anos, isso aumentaria a rejeição a quaisquer ideias contrárias, seja no mundo científico, seja no mundo não científico. Ou seja, isso não passaria de um fenômeno sociológico que tem mais a ver com modelos de conformidade do que com planos diabólicos dos Illuminati.

Mesmo esses lunáticos, talvez por serem dedicados às suas paranóias, acabam por descobrir fatos bastante intrigantes. Por exemplo, em 2006, a Nasa admitiu ter perdido 700 caixas de gravação original, em alta definição, da chegada do homem à Lua em 1969 [6]. Esse fato, somado às incoerências verificadas no conteúdo de seus websites, fotos e vídeos, nos fazem desconfiar de que ou a agência é composta de amadores descuidados ou ela está mentindo.

Recentemente, a agência apresentou projetos de novas tecnologias que permitirão ao homem ir além da baixa órbita da Terra [7]. Se tais tecnologias forem realmente novidade, como teriam enviado o homem à Lua em 1969, se ela encontra-se muito além da baixa órbita terrestre? Tais coisas geram dúvidas e reacende a velha crendice de que o homem nunca saiu da Terra. Mesmo assim, se você experimentar questionar, publicamente, a credibilidade de uma agência espacial, não demorará para encontrar pretensos cientistas que, na verdade, idolatram a instituição.

O medo de alguns cientistas (e da maioria das pessoas influenciadas por eles) diante de certos questionamentos denuncia não uma colaboração para se chegar à verdade, mas sim um conflito de paixões e crenças não científicas. Em 2014, quando questionado pelo apresentador do programa Real Time, Bill Maher, a respeito da estranheza da Teoria do Big Bang, o astrofísico Neil deGrasse Tyson respondeu: “O Universo não tem obrigação de fazer sentido para você”, uma frase de efeito perfeita para fugir de maiores esclarecimentos. Na mesma entrevista ele também falou: “Você não precisa acreditar na ciência. Ela é verdadeira, quer acredite ou não.” Ficou bastante claro que, para o Sr. Tyson, deveríamos seguir cegamente o que alguns cientistas dizem, sem ousar fazer perguntas “idiotas”, sob a terrível pena de sermos ridicularizados em programas de televisão.


Todos esses indícios demonstram que a ciência de verdade está perdendo espaço para a religião da ciência ou talvez já tenha perdido há muito tempo e só agora estejamos percebendo. Diferentemente do que muitos pensam, a religião é intrínseca ao homem. Se ele não acreditar em Deus vai acreditar em outras coisas bem menos sacras e falíveis em sua própria essência, como o dinheiro, a ciência ou o próprio homem.

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Notas

[1] Leia a matéria "Stephen Hawking: Intelligent Aliens Could Destroy Humanity, But Let's Search Anyway”, publicada no site space.com, em 21 de julho de 2015; e "We could all be pets in an elaborate alien zoo, claims Neil deGrasse Tyson", publicado em 28/06/2016 no site wired.co.uk. É comum observar astrônomos e físicos famosos darem declarações a respeito da existência de extraterrestres. Isso não é feito porque encontraram novas evidências concretas sobre o tema, mas sim porque dá audiência para a imprensa especializada, já que trata-se de um assunto fantástico e que sempre atrai a atenção do público.

[2] Leia a matéria "History of modern man unravels as German scholar is exposed as fraud”, publicada no The Guardian em 19/02/2005.

[3] Ver o vídeo no YouTube, intitulado "A Idade da Terra (parte 2): A Meia Vida do Urânio 238”.

[4] Veja os trabalhos de Mary H. Schweitzer, “Soft-Tissue Vessels and Cellular Preservation in Tyrannosaurus rex", publicado em 2005 na Science; e o de Mark Hollis Armitage e Kevin Lee Anderson, intitulado "Soft sheets of fibrillar bone from a fossil of the supraorbital horn of the dinosaur Triceratops horridus", publicado na revista Acta Histochamica, em 2013.

[5] As evidentes inconsistências e manipulações em fotos da NASA, tiradas do espaço, nos fazem questionar qual seria a verdadeira função dessa agência. Por exemplo, a NASA possui um site que transmite, ao vivo, imagens de uma câmera na Estação Espacial Internacional, em órbita, e que indica sobre que lugar da Terra ela está sobrevoando, também ao vivo, por meio de uma animação do mapa mundi. Realizei um experimento, alterando a data e a hora do meu computador algumas vezes. Estranhamente, isso fez o site indicar outras localizações da estação espacial sempre que eu mudava a hora, sugerindo que os dados não são transmitidos ao vivo, mas baseados em informações dos computadores pessoais que acessam o site. Posteriormente, eles retiraram a transmissão ao vivo da localização e deixaram apenas o vídeo.

[6] Leia a notícia "Nasa perde gravação da chegada do homem à Lua”, publicada em 14/08/2006 no site de O Globo.

[7] Um dos exemplos vem de um vídeo da NASA sobre a nave exploradora Orion. No vídeo "NASA engineer admits they can't get past the Van Allen Belts", o engenheiro Kelly Smith afirma que sensores à bordo da Orion irão registrar os níveis de radiação do cinturão de Van Allen (um perigoso campo radioativo que encontra-se além da baixa órbita, mas bem antes da órbita lunar), de modo que tal desafio possa ser resolvido antes de enviar pessoas através dessa região do espaço.

segunda-feira, janeiro 16, 2017

Quem tem medo do Bolsonaro?

As intensas demonstrações de ódio contra o deputado federal Jair Messias Bolsonaro [1] são evidências de que algo vai mal na mente aberta e descolada de muitos maconheiros, professores universitários e esquerdistas de plantão. Caberia tanto ódio assim num grupo que se afirma como sendo tolerante, aberto ao diverso, ao debate e à pluralidade de ideias? Não suportariam eles a existência de um único político alinhado com o pensamento conservador de direita? O professor Leandro Karnal, por exemplo, teme pronunciar seu nome como se o deputado fosse um terrível vilão do Harry Potter. A análise "profunda" do acadêmico [2] nos denuncia uma coisa: tem muita gente com medo do Bolsonaro.

Por muito tempo, a mídia utilizou-se das posições do parlamentar para expô-lo como um personagem moralista e radical, um estereótipo útil para ser posto como contraponto a opiniões liberais e no intuito maior de gerar polêmica, debates acalorados ao vivo e, essencialmente, audiência e lucro, como poderia testemunhar Luciana Gimenez, apresentadora do Superpop, programa do qual ele já participou algumas vezes. Afinal, todos os canais de televisão são empresas e precisam de audiência para vender espaço publicitário. O Bolsonaro - assim como todo político - tenta ganhar espaço na mídia para melhorar sua atuação eleitoral, e ele foi visto como uma boa oportunidade para que alguns canais explorassem sua imagem.

Geralmente, o deputado é convidado a participar de debates com ativistas do movimento gay, negro ou quaisquer outros adeptos de ideologias da nova esquerda que defendem também a liberação das drogas, as cotas raciais e o kit-gay para crianças a partir dos seis anos de idade. Invariavelmente, os jornalistas e apresentadores o questionam: "Você é racista? Você é homofóbico? Você é machista?", em todas as suas participações. Esse tipo de enquadramento contribuiu para que se cristalizasse, em alguns telespectadores, a imagem de um Bolsonaro ranzinza, truculento, defensor de ditaduras e homofóbico, sendo que essa imagem era apenas o que era útil para a mídia, um personagem a ser usado para atrair audiência.

No entanto, ser contra a obrigatoriedade de aulas de sexualidade (incluindo práticas homossexuais) para crianças a partir dos seis anos não é o mesmo que promover ódio contra homossexuais. Reconhecer que o período do regime militar teve suas vantagens também não é o mesmo que desejar que uma ditadura militar seja implantada novamente no Brasil. E desde quando defender maior punição para estupradores (ver o Projeto de Lei 5398/2014) é o mesmo que promover o estupro!? Talvez isso seja verdade na cabeça da Maria do Rosário (e na de um monte de idiotas úteis). É no mínimo curioso o fato de que uma pessoa que deseja punir com mais força um crime realizado contra mulheres seja considerada machista.

No Brasil, se você for conservador, a imprensa logo lhe classificará como um radical de extrema-direita, um facista xenófobo, um nazista, um maluco digno de credibilidade nenhuma, como nos lembra Arnaldo Jabor, quando afirmou que o Donald Trump era um louco maligno que apenas seria impedido por outros psicopatas que o matassem.

Lembra do Enéas? Eu era criança, mas ainda lembro de como as pessoas divertiam-se quando ele aparecia no horário eleitoral. Para a imensa maioria, o que ele falava não era importante. O que importava mesmo era a aparência cômica: um sujeito de óculos com lentes grossas, barba negra enorme, calvo, e falando numa velocidade incrível devido ao curtíssimo tempo concedido ao seu partido pelas regras do horário eleitoral; um sujeito que tem o "tipo físico para poder ser ironizado", como disse o Leandro Karnal a respeito dos ilustres conservadores brasileiros. Na verdade, Enéas era um intelectual de alta capacidade, que só hoje as pessoas começam a compreender (pelo menos aquelas que conseguem enxergar os indivíduos além da aparência física).

Em novembro do ano passado, a apresentadora do telejornal Hora Um, a jornalista Monalisa Perrone, cometeu uma gafe ao afirmar que Trump e seus eleitores possuíam mantras como "odiamos muçulmanos, odiamos negros nojentos", sendo imediatamente desmentida, ao vivo, pelo colega Fabio Turci, que estava nos Estados Unidos acompanhando o fim da apuração da eleição presidencial. A opinião da jornalista era clara, transparecendo o preconceito e o medo que a imprensa da grande mídia possui a respeito do pensamento conservador. No Brasil, é um medo que aumenta à medida em que a popularidade do Bolsonaro cresce [3]. "Ele deve ser detido, nem que seja por meio de mentiras absurdas", pensam muitos.

Se o Enéas era considerado um maluco desvairado e hilário, o Bolsonaro é um nazista machista que odeia gays. Esses são os personagens que a grande mídia produz, seja para ganhar audiência, seja para tentar parar o crescimento de sua popularidade. Ocorre que, hoje, não é só a grande mídia que tem voz. Temos a internet.

Em 1989, quando o Enéas foi candidato pela primeira vez, a internet inexistia no Brasil, e a grande mídia (a rede Globo especialmente) ditava o que o povo pensava sobre diversos assuntos. Hoje, é diferente. O personagem "Bolsonaro Nazista Homofóbico", criado pelos programas Superpop's da vida, e difundido por alguns comentaristas de televisão, é contraposto por outro personagem: o "Bolsonaro Descolado", mais conhecido como "O Mito" ou "Bolsomito", adorado pelas pessoas, recebido com euforia por uma multidão de admiradores nas cidades onde desembarca.

Segundo a grande imprensa, devemos olhar o Bolsonaro com o mesmo medo que deveríamos ter do Adolf Hitler (como se essa equiparação pudesse ser levada a sério) ou pelo menos com o mesmo medo que o Arnaldo Jabor tem do Trump. Muitos da esquerda gostam de equiparar conservadores de direita ao líder nazista, sendo que eles mesmos adoram assassinos que têm o bônus de serem reconhecidamente avessos ao comportamento homossexual (Che Guevara, Fidel Castro, Stálin e Lenin, por exemplo).

A despeito de como o Bolsonaro é visto pela TV ou pela internet, ele é o deputado mais votado para a Câmara no estado do Rio de Janeiro, um feito que deve-se, acredito, por dois fatores principais: autenticidade e afinidade com a opinião da maioria dos brasileiros, que - assim como ele - possui tendências conservadoras.

Você pode não gostar do que o deputado fala, mas deve reconhecer que pouquíssimos têm coragem de falar o que pensam na frente de jornalistas, da forma como ele fala, expondo-se à todo tipo de críticas. As pessoas gostam de gente corajosa, que fala, sem gaguejar e diante das câmeras, o que elas mesmas pensam, mas não tem coragem de expor por causa da censura do politicamente correto.

A manchete de uma notícia da Folha de S. Paulo, de 25 de dezembro de 2012 revela: "Tendência conservadora é forte no país, diz Datafolha". Embora eu acredite que esse conservadorismo esteja reduzindo por influência midiática [4], é possível que boa parte das opiniões liberais e de esquerda seja apenas fachada. Acredito que elas refletem muito mais uma necessidade de ser aceito em certos grupos do que uma sinceridade com seus verdadeiros sentimentos. Por exemplo, embora muitos digam serem favoráveis à liberação de algumas drogas, dificilmente gostariam de saber que seus filhos estão se envolvendo com elas. Muito embora falem por aí que não há problema algum na aceitação da homossexualidade como algo a se ter orgulho, duvido muito que desejem algo parecido para seus familiares. Dessa forma, o liberalismo moral que surge no Brasil - em muitos casos - seria apenas uma tentativa de aparentar possuir uma cabeça descolada, de parecer inteligente em jantarzinho com os amigos, como diria o filósofo Luiz Felipe Pondé.

Ou seja, sentir asco - ou aparentar senti-lo - diante da ideia de um Bolsonaro presidente da república, faz a pessoa parecer inteligente e esclarecida em alguns círculos da elite intelectual (juristas, jornalistas, escritores e acadêmicos) ou daqueles que pretendem fazer parte dessa elite. Afinal, uma coisa é simplesmente não votar ou não gostar de um político. Outra bem diferente é urinar e defecar em público em suas fotos, ou cuspir no seu carro enquanto ele passa, ou acabar com uma amizade de vários anos porque o amigo gosta do Bolsonaro. Quaisquer fanatismos são problemáticos, seja para quem odeia ou para quem idolatra uma pessoa. Portanto, é bom analisar bem as coisas antes de defender ou atacar cegamente seja quem for.

Logo, tem medo do Bolsonaro quem ainda acredita num Bolsonaro nazista e homofóbico que vai destruir o mundo juntamente com o Trump num holocausto atômico (o Jabor que o diga); e também quem tem pavor de ver assumir no poder uma pessoa que pense conforme a maioria dos brasileiros, alguém que se propõe a defender os valores tradicionais, um indivíduo que ameaça décadas de doutrinação revolucionária esquerdista nos colégios e universidades brasileiras, uma pessoa que coloca a vida de um cidadão honesto acima da vida da bandidagem assassina que a elite intelectual (e a Maria do Rosário) tanto admira [5].

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Notas


[1] Como exemplo, veja a matéria "Bolsonaro é alvo de cusparada e chamado de 'estuprador' em protesto", no site do jornal Estado de Minas, de 28/05/2016.
[2] A declaração do professor Leandro Karnal pode ser vista em vídeo divulgado no YouTube, com o título "Leandro Karnal sobre conservadores".
[3] Bolsonaro já aparece como segundo lugar em pesquisa sobre intenções de voto para presidência da república, em 2018, segundo matéria: "Lula lidera todos os cenários de 1º turno para 2018, diz pesquisa", do site da revista Exame, de 19/10/2016.
[4] Graças a um fenômeno conhecido como Espiral do Silêncio, a aparência que a mídia projeta de que muitas pessoas estão cada vez mais adotando normas liberais (liberação de drogas, casamento gay, descriminalização do aborto etc), faz com que os indivíduos conservadores (a maioria da população) sintam medo de expor o que pensam. O resultado, acredito que seja uma lenta mudança de opinião do conservadorismo para o progressismo segundo a agenda das minorias com forte representação política.
[5] Recomendo a leitura do artigo “Bandidos & letrados”, do filósofo Olavo de Carvalho, no qual ele denuncia como alguns intelectuais brasileiros (os mais ativos), a partir de orientações do Comintern, uma organização comunista internacional, deu suporte ideológico, psicológico, estratégico e jurídico ao banditismo no Brasil. Cito um trecho relevante: “(…) a esquerda, primeiro, criou uma atmosfera de idealização do banditismo; segundo, ensinou aos criminosos as técnicas e a estratégia da guerrilha urbana; terceiro, defendeu abertamente o poder das quadrilhas, propondo sua legitimação como "lideranças populares"; quarto, enfraqueceu a Polícia Federal como órgão repressivo, fortalecendo-a, ao mesmo tempo, como instrumento de agitação; quinto, procurou boicotar psicologicamente a operação repressiva montada pelas Forças Armadas, tentando atrair para ela a antipatia popular."

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