Apesar de parecer contraditória a hipótese de que, mesmo numa democracia, os valores defendidos pela maioria conservadora estão sendo progressivamente excluídos por uma minoria liberal, essa realidade pode ser facilmente explicada por um processo que envolve a ação de uma nova classe dominante de intelectuais, juntamente com os processos de produção e reprodução de comunicação de massa, além de um efeito social conhecido como espiral do silêncio.
Na sua obra A Rebelião das Elites, o crítico social Christopher
Lasch já havia denunciado, nos Estados Unidos, a existência de uma nova classe
de intelectuais no poder, a qual ele denominou de intelligentsia. O autor não esclarece exatamente como essa nova
classe subiu ao poder, mas no caso brasileiro podemos situar esse ponto no
período conhecido como ditadura militar. Preocupados principalmente com o
comunismo armado, os militares brasileiros permitiram que o comunismo teórico,
ou marxismo cultural, se proliferasse à vontade nas universidades brasileiras,
um fato que explica a atual natureza marxista de alguns cursos, especialmente aqueles
da área de humanas. O fato é que hoje existe uma nova elite de intelectuais brasileiros e,
como toda elite, ela é minoria. No caso brasileiro, ela também vem criando demônios e suas vítimas, ao mesmo tempo em que se apresenta como defensores dessas vítimas, como paladinos das "minorias excluídas" vítimas de um "sistema opressor", sendo que, contraditoriamente, eles mesmos fazem parte do topo desse sistema.
A lógica da produção de notícias e programas televisivos – e sua
consequente divulgação – possui critérios que valorizam o diferente, o
chocante, o estranho e o inusitado. Ou seja, no fim das contas, o
objetivo é conseguir um nível elevado de audiência para atrair a venda de
espaço publicitário, a principal receita das grandes emissoras. Assim, pela
própria natureza do material midiático, o qual deve garantir essa audiência, os
ideais e comportamentos defendidos com base em obras de ideólogos neomarxistas
– os deuses da tal intelligentsia -
ganham espaço nos noticiários com facilidade, justamente por irem contra o que
pensa a maioria, justamente por tais ideais serem estranhos e chocantes para a
maioria e justamente por possuir um forte apelo emocional que evoca a curiosidade,
a aversão ou até o medo da maioria conservadora. Exemplos desses comportamentos e ideais podem
ser vistos atualmente na pauta da mídia: ativismo gay, liberação das drogas e o
patrulhamento ideológico denominado “politicamente correto”. Todas essas coisas
vão contra a corrente da maioria
real da população e, por isso, vendem jornais e dão audiência.
Segundo a teoria da
espiral do silêncio, quanto mais minoritária a opinião dentro de um universo
social, maior será a tendência de que ela não seja manifestada. A princípio,
essa teoria não poderia explicar quais seriam as causas para que justamente a
maioria permaneça calada diante dos ideais minoritários da intelligentsia. Ocorre
que, vendo a ampla divulgação desses ideais na mídia, muitas vezes sendo apoiados
por uma ou outra emissora menos imparcial (logo, menos ética), a impressão que
a maioria conservadora possui é que esses ideais e comportamentos estão por
todos os lados. Ou seja, a mídia, não necessariamente de forma intencional,
termina por criar uma ilusão, conferindo à minoria a aparência de maioria,
criando uma espécie de “maioria virtual” que existe apenas na mente dos
consumidores da mídia de massa, o que inclui todos, tanto os da maioria conservadora
– que passam a temer expressar suas próprias opiniões – quanto os da minoria –
que acabam sentindo-se mais fortes e confiantes para propagar ideais esquerdistas
e comportamentos repulsivos.
Percebe-se, portanto,
que é plausível afirmar que existe uma ditadura
não oficial das minorias no Brasil. Por meio da mídia, a maioria conservadora
é ameaçada por propostas de leis que amordaçam opiniões e põem em risco a
liberdade de expressão e, consequentemente, a própria democracia, sendo que,
como visto, o amordaçamento já ocorre, ainda que de forma não instituída como
lei. Hoje é complicado criticar, por exemplo, o ativismo gay. As próprias pessoas
integrantes da maioria, mesmo intimamente concordando com a crítica, alertarão
para o risco de se estar cometendo crime de “homofobia”, o mais novo demônio
criado pela intelligentsia. Não se pode criticar usuários de drogas os
chamando de “maconheiros”, pois logo se é tachado de preconceituoso. Eles devem
ser protegidos de quaisquer críticas, provavelmente para dar legitimidade à
legalização de substâncias destruidoras da dignidade humana. Na televisão, o
humor deve concentrar-se apenas em piadas de brancos ricos e religiosos, sob o
risco de ser processado juridicamente. Podemos fazer piadas do papa, mas é um
pecado mortal criticar o comportamento homossexual ou o consumo de drogas. E,
assim, o silêncio da maioria aumenta progressivamente e, estranhamente, só os mais corajosos
ousam falar aquilo que todo mundo pensa.
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