terça-feira, dezembro 21, 2010

Artigos científicos publicados em 2010

Fim de ano chegando. Hora de passar o relatório das minhas pesquisas para vocês. Portanto, eis aí o link dos dois artigos científicos que publiquei em 2010:

O PROLONGAMENTO DA JUVENTUDE COMO CONSEQUÊNCIA DAS ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS
THE EXTENSION OF YOUTH AS CONSEQUENCE OF EDUCATIONAL STRATEGIES ADOPTED BY BRAZILIAN FAMILIES

PUNIÇÕES SOCIAIS: UMA ABORDAGEM ECONÔMICA DAS SANÇÕES SIMBÓLICAS COMO ORIENTADORAS DAS ESCOLHAS SOCIAIS
SOCIAL PENALTY: AN ECONOMIC ANALYSIS OF SYMBOLIC PUNITION AS A GUIDE OF SOCIAL CHOICE

Em relação ao resto da atividade acadêmica, aguardo a participação em duas bancas de monografia esta semana.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Ducha de água fria no WikiLeaks

Recebi hoje um e-mail apontando para um artigo do Daniel Pipes, um especialista no Oriente Médio, o qual falou que, enquanto o WikiLeaks divulgou e divulga informações e conversas pequenas nos bastidores das relações internacionais, essas mesmas informações têm se mostrado de pouca relevância frente aos discursos dos líderes árabes, já bem divulgados na imprensa. Em suma, o WikiLeaks não ajuda a entender bem o que se passa no jogo do Oriente Médio. Veja aqui.


segunda-feira, novembro 29, 2010

O átomo social

Ando lendo o livro “O átomo social”, de Mark Buchanan, físico teórico, o qual ainda não conclui a leitura, mas que já deu pra perceber que trata-se de uma visão reveladora a respeito do comportamento humano e de como devemos ver o funcionamento do mundo social. Eu pensei que fosse um retorno à ingênua física social do século XIX, mas vejo algo bem diferente.

Apesar de físico, o autor consegue entrar no campo sociológico e econômico de forma satisfatória, criticando os pensamentos e as teorias dos cientistas sociais - especialmente os economistas tradicionais – como algo contraditório, um pouco fora de objetivos eficazes e que não consegue entender ao certo como é que funciona o mundo social. O autor chega a propor um objetivo diverso para os sociólogos: pensem em padrões, não em pessoas; sugerindo um jeito de ver a sociedade semelhante à da visão da física.

Para o autor, o átomo social – isto é, o indivíduo humano – possui três características marcantes e simples, as quais devemos levar em conta para compreender seu comportamento: adaptação, imitação e cooperação.

Por enquanto estou lendo a respeito do átomo imitativo e já estou bastante satisfeito com a obra, que trata de assuntos relevantes para minhas pesquisas: teoria dos jogos, teoria da escolha racional, influência social, biologia evolucionária humana, previsão de comportamento de massa, etc. Repleto de exemplos atuais e interessantes, é um livro empolgante e provocador.

terça-feira, agosto 24, 2010

Do pensamento complexo e da ciência

Para se estudar um método científico é preciso, antes, analisar o local onde esse método é aplicado: nossas mentes. Não falo aqui de psicologia. O que quero saber é por que os homens pensam como pensam, ao ponto de querer descobrir como funciona o mundo ao seu redor. É claro que os motivos pelos quais os homens ou qualquer outro ser vivo adquiriram suas características atuais são claramente darwinianos. Se o cérebro humano faz comparações, análises, combinações, é porque isso o beneficiou biologicamente em relação à espécie antecessora, nossos ancestrais mais imediatos na escala evolutiva.

O pensamento humano é limitado. Talvez até possamos ser criativos hoje, mas essa criatividade é, inconvenientemente, reduzida a um conjunto visível de operações. É algo tão decepcionante que até mesmo enquanto falamos sobre pensamento humano, como faço agora, estou preso à essas limitações das quais falo, tentando livrar-me delas. Portanto, a princípio, estou errado. Sim, estamos todos errados. De cientistas sociais à físicos quânticos, não temos muita certeza de muita coisa. Mas estamos tentando. E são essas tentativas que nos levam a um lugar cada vez melhor – ou não – na luta pela sobrevivência no planeta. O homem não é ruim porque domina a Terra, pois foram as próprias condições de vida na Terra que levaram o homem a desenvolver um tipo específico de pensamento que o leva a um determinado curso de desenvolvimento, seja ele moralmente bom ou não. Além do mais, não há nada mais flexível do que a moral.

Enfim, se, num certo nível, estamos errados em nossas conclusões sobre a realidade, em outro nível estamos completamente corretos. Sim, nossa mente não evoluiria em vão para algo inútil. Nossa forma de pensar busca, ou deveria buscar, nossa felicidade, nosso conforto. E é aqui onde encontramos a dúvida em relação ao papel da ciência. Ela deveria ser usada para melhorar nossas vidas ou apenas como uma ferramenta para destrinchar uma realidade inalcançável? Nossos cérebros são limitados. Eles podem até perceber que existe uma realidade estranha, complexa, ambígua e caótica, mas talvez ainda não esteja preparado para destrinchá-la, pois, quando muito, não passará de tentativas – em vão – de se descobrir algo com olhos erradamente humanos. Nossos olhos são muito mais preparados para visualizar, analisar e combinar elementos mais coerentes, objetivos e ordenados, do que encarar essa verdade complexa e inatingível. No máximo, o que teremos como resultado será uma redução simplista e equivocada de algo bem mais complicado do que podemos imaginar. E estaremos, sem querer, retornando à nossa velha e confortável forma de ver padrões, constantes, causa e efeito: a linearidade no complexo.

segunda-feira, julho 19, 2010

É proibido castigar os filhos

Há um projeto de lei que, se for aprovado, vai colocar os pais numa situação difícil, caso eles decidam punir seus filhos com palmadas. Cada vez mais o Estado vai tentando se meter, diretamente, na vida privada das famílias, cujas relações cada vez mais vão se judicializando, demonstrando que a confiança entre as pessoas, inclusive entre membros da mesma família cada vez mais vai desaparecendo. E o Estado, o que faz? Simplesmente vai na onda do que está acontecendo e, dessa forma, legitimiza a desconfiança entre pais e filhos.

Na mídia brasileira, saiu uma reportagem ontem à noite que defendia o tal projeto de lei, sem refletir sobre o papel da confiança nas famílias e na sociedade em geral; e sem pensar em como essa confiança pode ser recuperada, o que representaria uma economia grande com a aparelhagem do Estado em relação aos custos para a abertura de um processo judicial (incluindo-se aí pagamentos de funcionários públicos, aborrecimentos entre pais e filhos, etc).

Abaixo, um link para uma opinião mais crítica sobre o projeto de Lula, no site do Mídia Sem Máscara:
http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/11241-governo-lula-quer-proibir-pais-de-disciplinar-os-filhos.html

terça-feira, junho 22, 2010

E a palestra de Emir Sader?

Hoje o professor Emir Sader proferiu uma palestra aqui na UFRN sobre o tema “Brasil: entre o passado e o presente”. Eu fui pensando que iria ver algo científico, mas, no fim, e infelizmente, foi apenas uma argumentação pró-Lula, pró-Dilma, pró-Esquerda, pró-Irã e coisas assim. Infelizmente é comum vermos a ciência sendo confundida com ideologias na área de humanas. Abaixo, disponibilizo, sem cortes nem arrumações, minhas anotações feitas durante a tal palestra:

Sader ridicularizou o papel da imprensa opositora em relação aos níveis de aprovação de Lula. Previsível, pois o cara é de esquerda. Propagandista de Lula. Sader critica a sociedade de consumo, mas usa um notebook Sony Vaio. Elogia a China, esquecendo o sofrimento da população e as liberdades individuais que ele tanto evoca para criticar as “intenções do capitalismo”. No fim, o que há é o interesse pessoal. Nesse discurso de luta contra o neoliberalismo americano esconde-se o interesse. Qual o interesse de Emir Sader em defender o governo Lula de forma quase incondicional? Será que vale à pena fazer resenha do livro desse cara? Tô achando que esse livro é só propaganda eleitoral de Dilma. Falou besteira quando citou a invenção da lâmpada, dizendo que impulsionou a jornada noturna de trabalho (criticando os avanços tecnológicos), esquecendo que o lampião e a vela já existiam há um bom tempo. O Irã pode agir com violência, mas os outros não. Esquece que o Irã ajuda o Hamas, que é um grupo terrorista, com armas.

O poder da Internet e o "cala boca galvão"

Aproveito hoje pra colocar o link pra um artigo interessante que meu colega e amigo Prof. Sebastião E. Alves Filho (UERN) postou em seu espaço virtual. A internet é o 5º poder?

http://di.uern.br/sebastiao/o-5%C2%BA-poder/

terça-feira, junho 08, 2010

Israel ante o poder global

Reproduzo abaixo texto do Mídia Sem Máscara, de autoria de Olavo de Carvalho:

Israel ante o poder global

Olavo de Carvalho | 08 Junho 2010

Se Israel tivesse a seu lado o esquema globalista, teria também a mídia internacional, mas esta é de fato o seu principal e mais odiento inimigo. Longe de ser instrumento de um projeto mundial de poder, Israel é hoje quase uma nação pária, como Honduras, a Colômbia, Uganda ou o Estado americano do Arizona.

O episódio do navio turco em Israel resume-se em dois termos: "factóide" e "guerra assimétrica". Seria a marinha turca tão despreparada, tão ingênua, tão pueril ao ponto de ignorar que nenhum governo do mundo jamais deixaria um navio estrangeiro desembarcar toneladas de caixas numa zona em conflito sem examiná-las primeiro? Sobretudo depois que os mediadores israelenses foram recebidos a socos e pontapés, por que deveria o governo de Tel-Aviv aceitar a priori a hipótese de que o conteúdo das caixas fosse algo de tão inocente quanto bolinhos de bacalhau ou picolés de abóbora? É com base nesta hipótese maluca, teatral, fingida até o último limite de desespero, que a tal "opinião pública mundial" se desfaz em lágrimas de cólera contra a ação israelense.
O significado do caso vai, no entanto, muito além do de mais uma encenação patética de autovitimização palestina. Muitos estudiosos do poder global, inclusive alguns bem honestos, asseguram que o establishment bancário europeu e anglo-americano tem no Estado de Israel um dos seus principais instrumentos de ação imperialista para a conquista do poder sobre todo o orbe planetário. A hipótese parece razoável à primeira vista, tendo-se em conta a elevada presença de judeus nos altos círculos do globalismo, mas ela recebe um desmentido cabal e flagrante quando se observa a atuação da mídia internacional nos vários conflitos que envolvem Israel. Afinal, um bilionário ter nascido judeu não faz dele automaticamente um patriota israelense ou um amigo dos demais judeus, como o sujeito ter nascido americano não faz dele um discípulo fiel dos Founding Fathers. A mídia é o instrumento supremo de ação das elites globalistas sobre a opinião pública. Daniel Estulin demonstrou, em "A Verdadeira História do Grupo Bilderberg", que hoje em dia a grande mídia da Europa e dos EUA está concentrada nas mãos de uns poucos grupos globalistas. Se Israel estivesse a serviço desses grupos, o que veríamos nos jornais e canais de TV seria a defesa incondicional dos interesses israelenses mesmo quando fossem injustos e prejudiciais ao resto do mundo. Na realidade, o que se vê é precisamente o contrário: façam os judeus o que fizerem, eles são sempre os errados, os malvados, os imperialistas, os agressores. A guerra de ocupação cultural muçulmana no Ocidente, em contrapartida, é invariavelmente pintada com as cores mais inocentes e comovedoras, como se a imposição arrogante da shariah e do poder islâmico na França, na Alemanha ou na Inglaterra fosse apenas uma questão de proteger imigrantes desamparados e inermes. Diante de cada confronto espontâneo ou fabricado, a reação pró-islâmica e anti-israelense da classe jornalística mundial é sempre imediata, unilateral e sem o mais mínimo exame crítico. A duplicidade de critérios com que aí são julgados os contendores mostra que a cobertura desses episódios, em praticamente todos os países e idiomas, já foi muito além do mero viés jornalístico e se transformou numa arma de guerra assimétrica. Ela tem a constância automática da obediência a um programa de ação previamente decidido. E quem o decidiu, senão os que têm os meios de fazê-lo, os donos da geringonça midiática? Se Israel tivesse a seu lado o esquema globalista, teria também a mídia internacional, mas esta é de fato o seu principal e mais odiento inimigo. Longe de ser instrumento de um projeto mundial de poder, Israel é hoje quase uma nação pária, como Honduras, a Colômbia, Uganda ou o Estado americano do Arizona, carregando, como eles, a culpa de tomar decisões independentes em favor de seu povo em vez de auto-sacrificar-se masoquisticamente no altar da Nova Ordem Mundial, como o fazem as nações européias.

domingo, junho 06, 2010

Israel, flotilhas e o mito do coitadinho

Quando a gente menos espera, mais uma vez a mídia internacional insiste em testar a nossa inteligência. Triste é quando alguns governos, como o brasileiro, caem nessa. Ou pior, sabendo da farsa, a reproduzem, formando um coro. Todos num mesmo tom, na canção da imbecilidade adquirida (como diríamos numa mistura forçada de Olavo de Carvalho e Falcão).

Esse é o caso da flotilha da "liberdade", divulgado amplamente como sendo um ato maligno israelense contra um grupo de humanitários inocentes e pacíficos. Não listarei aqui as teorias jornalísticas que colocam os jornalistas dentro de um grupo economicamente dependente da audiência de seus produtos, o que deveria ser algo óbvio, mas acaba sendo esquecido. Em outras palavras, o compromisso com a verdade não é tanto quanto o compromisso com as normas internas de produção de notícias, orientadas pelo lucro; e já se tornou bem claro o tom que a novela do Oriente Médio deve possuir para agradar o gosto da população mundial: o mito do coitadinho onde o lado mais fraco é tido como tendo a razão, adquirindo o status de protagonista, o bonzinho da situação - recriado tantas vezes no cinema e nas novelas, agora aplicada à realidade, manipulando-a, criando um maniqueísmo que pode até entreter o mundo e manter a audiência das emissoras de televisão, mas não nos ajuda muito a compreender a verdadeira situação do que quer que seja, sequer de uma situação de conflito obviamente forçada por viajantes "pacíficos" usando facas, bastões de ferro e um objetivo declarado (mas também esquecido pelas notícias) de enfrentamento contra um país que tenta sobreviver em meio à uma incompreensível onda de antipatia mundial, reproduzida da mesma forma com que se criam as antipatias dos vilões cinematográficos.

É interessante ver o comportamento da mídia diante de fortes (se não óbvias) evidências que desmascaram os ocupantes do tal navio Marvi Marmara como sendo na verdade pessoas com o objetivo de enfrentamento, algo que é simplesmente o oposto do que é divulgado pela mídia. Diante de vídeos e fotos que mostram a ação dos tais “pacifistas”, no mínimo, deve-se evitar os termos e expressões “humanitário”, “missão pacífica” e coisas afins para caracterizar a intenção dos ocupantes do navio diante dessa situação. Mas, como sempre, nada é feito. Para eles é preferível começar a parar de falar nesse assunto, pois o interesse das pessoas vai acabando e novas notícias devem renovar a pauta da semana, de modo a manter a sagrada audiência em alta. Como mostra um vídeo que satiriza os ocupantes da flotilha, estão enganando mundo:

domingo, maio 09, 2010

Livro "Palestina traída"

O comentarista internacional Danial Pipes, especializado em Oriente Médio, comenta em seu site um livro que desmascara a imagem dos "palestinos coitadinhos" que supostamente foram expulsos de suas casas na criação do estado israelense. Veja: http://pt.danielpipes.org/8350/palestina-traida

sábado, fevereiro 27, 2010

O problema dos alunos de filosofia

Muitas vezes a culpa de nossos problemas e conseqüentes fracassos é nossa. Mas não falo de uma culpa consciente. Os atos que ocasionam nossos problemas são realizados por nós, mas sem maldade, sem intenção de fazê-lo. Na verdade, nossas intenções, quando existem, são até boas. Seguem um raciocínio compreensível e teimoso. Mas isso não significa que a culpa inexista.

Quando estou no campus universitário e observo certos alunos, dentre eles os do curso de filosofia, e que se vestem de forma alternativa, não vejo apenas jovens tentando mostrar para os outros que são diferentes, que pensam diferente, que são “esclarecidos” e que são contra a classe dominante, ou contra a “sociedade alienante”. Eles não sabem, mas, além de estarem baseando seu próprio visual e conseqüente imagem social por meio de uma relação direta de oposição com o grupo que eles dizem desprezar, estão simplesmente aderindo uma das inúmeras identidades criadas pelo capitalismo que tanto odeiam. É verdade. Não lembro de ter visto retratos de Karl Marx usando roupas estragadas ou sujas ou vários brincos na orelha ou de cabelo pintado de roxo. Nem lembro dos guerrilheiros sul-americanos, símbolos de luta e revolta ao capitalismo, usarem coisas assim. Tatuagens, roupas e acessórios. Hoje em dia, Che Guevara virou ícone de consumo. Compre uma camisa com a estampa do Che e comunique sua revolta contra a sociedade. Posso até estar misturando nesse relato algumas identidades distintas, mas elas todas, que muitos conhecem como as “diversas tribos”, são apenas diversidades do mundo capitalista contemporâneo, como fala a estudiosa Ellen Wood. Não sou eu que estou inventando. Tudo isso parece não ter relação com o que falei no início do texto, mas tem: é o aspecto inconsciente. O mundo atual criou espaços e identidades nos quais a esquerda, ou essas tais tribos de revoltados, pode atuar. Mas, na verdade, essa atuação implica o consumo. Consuma e seja. Se não consumir, se não comprar a camisa do Che você é um alienado e um dominado da classe dominante. No fim, trata-se de uma escolha impossível: comprar ou comprar. O que, de fato, não chega bem a ser uma escolha, mas uma imposição invisível. E, por essa realidade ser invisível, os coitados dos revoltados não passam de indivíduos dominados pelos conceitos que eles tomam emprestado, sem saber, dos dominantes que eles pensam estar “questionando”. Como disse, é algo inconsciente.

E além disso, o que acho mais engraçado, é que a tal revolta tem por causa eles mesmos e essa situação de aprisionados a seus discursos e conceitos limitados. Eles mesmo provocam seu fracasso. Daí vem a culpa. Mesmo se considerando tão esclarecidos, não enxergam muito abaixo de seus narizes. Um exemplo é visto no curso de filosofia das universidades brasileiras. Há professores que incentivam os alunos a se tatuarem, se vestirem de forma escandalosa e desleixada, afirmando uma ligação do curso com o visual ou com uma determinada "atitude" dos alunos. Não sei se esses professores sabem, mas esse tipo de atitude de desencaixe social não ajuda muito. Na verdade, a relação de identificação de roupas espalhafatosas com o curso de filosofia - além de provocar, no máximo, um inútil desconforto alheio - não possui qualquer tipo de lógica filosófica. Seria compreensível esse tipo de comportamento se Platão ou Aristóteles usassem roupas estranhas ao seu tempo; ou se Baruch de Spinoza , Pierre Bourdieu ou Edgar Morin usassem tatuagens ou piercings ou penteados ridículos. Realmente, é algo sem explicação. Por favor, alguém me explique.

No fim, o que vemos é a mera reprodução de conceitos que desmoralizam um curso tão importante para o pensamento humano, como é o de filosofia. Não seria necessário descrever aqui, em detalhes, essa importância, mas quando se trata de Brasil, onde aqueles que se dedicam a estudar essa área essencial para a compreensão de tudo são considerados malucos, revoltados e fracassados, só vejo aí a já denunciada reprodução arbitrária da imagem de um curso por certos motivos ainda a serem analisados. Análise que renderá boas dores de cabeça para aqueles que se beneficiam dessa reprodução. A própria imagem do curso, mantida também pelos próprios alunos e professores, atrai e cria mais e mais alunos com o mesmo perfil derrotista e revoltado que, invariavelmente, e por não compreenderem a própria importância de seu curso, encontrarão, com sorte, um futuro profissional medíocre e reforçarão a injusta imagem de mediocridade que o estudo filosófico possui no Brasil.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Sobre a educação e a ciência no Brasil

Hoje cito Olavo de Carvalho, que escreveu sobre a realidade brasileira no site Mídia Sem Máscara:

"Cultura", hoje, é rap, funk e camisinhas, "educação" é treinar as crianças para shows de drag queens ou -- caso faltem aos pimpolhos as requeridas aptidões gays -- para a invasão de fazendas, "pensamento" é xingar os EUA no Fórum Social Mundial, e "debate nacional" é a mídia competindo com a máquina estatal de propaganda para ver quem pinta a imagem mais linda do sr. presidente da República. Nesse ambiente, em que poderia consistir a "ciência" senão em imprimir cada vez mais irrelevâncias subsidiadas?
Leia na íntegra aqui: http://www.midiasemmascara.org/artigos/educacao/10752-caindo-sem-parar.html

sábado, janeiro 23, 2010

O país dos lixeiros

Ronaldo. Central do Brasil. Copa do Mundo de 2014. Cidade de Deus. Ayrton Sena. “O melhor do Brasil é o brasileiro”. Recentemente minhas leituras na Internet me levaram por essa questão do patriotismo brasileiro forçado, que a mídia tenta evocar se apoiando, geralmente, em nossas ações medíocres no campo internacional ou, quando muito, em ações grandiosas, mas inúteis para nossos problemas reais. Talvez um pouco de patriotismo seja bom, na medida em que isso seja útil para o crescimento do indivíduo, mas na maioria das vezes não é, sendo apenas um fator importante na reprodução da anestesia social dos povos, que não enxergam sua própria miséria ou, na melhor das hipóteses, limitação. Por fim, não é individualmente útil. Mas sim coletivamente. Nada mais óbvio. Não é verdade? Afirmar que o patriotismo possui utilidade coletiva chega a ser tão óbvio que é impressionante como suas desvantagens escapam à razão individual. Continuaremos torcendo para o Brasil nas copas. Todos juntos. Continuaremos assistindo Fórmula 1 só para reclamar de nossos atuais representantes nesse esporte. É verdade: é bom. O sentimento, as emoções que advém do ato de torcer em grupos é agradável: seja para louvar Ronaldo, seja para tirar sarro do Rubinho. É o que temos de comum. É o que nos faz uma nação... de lascados. Há uma barreira “invisível” que nos impede de ver o quanto estamos pobres, atrasados, condenados. Enquanto essa barreira continuar por aí, sendo mantida por todas as estruturas sociais, das quais a mídia reproduz e faz parte – e ao mesmo tempo é "vítima" – o povo brasileiro, assim como os outros em situação semelhante, continuará cego. Lembro de Boris Casoy, pois nada melhor para exemplificar isso do que a chamada televisiva onde dois lixeiros, cegos em suas limitações, e “do alto de suas vassouras”, desejam feliz 2010 para o Brasil. E eu me pergunto que tipo de felicidade é essa.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Haiti: A festa da mídia e do público

Parece repetitivo afirmar que jornalistas gostam de publicar sangue. Na verdade quem gosta de sangue é o público. Mas o sangue internacional é mais chique. O discurso jornalístico – que é o mesmo do público – é o da preocupação com o sofrimento alheio, que oculta a sede pela tragédia alheia. É nessas horas que vemos que o mais “alto nível” do telejornalismo brasileiro não perde em nada para aqueles programas policiais vespertinos populares e sanguinolentos. A repórter da Globo, Lília Telles, praticamente desenterrando uma haitiana, é um exemplo claro dessa realidade. Tem que ter audiência. O povão brasileiro, composto de uma porrada de analfabetos, tem que assistir e gostar. Tem que ter emoção. Notícia é emoção. Jornal é satisfação. Audiência. E só. Não passa disso. Os pobres jornalistas: coitados. Sofrem a ilusão de que fazem algo importante. Algo intelectual. Ora. Tudo não passa de uma realidade pintada. Se não for, não vende. Não tem jornal. Não tem emprego. As informações menos interessantes são deixadas de lado. Cortadas. Manipuladas. Tudo fica mais dramático, mais emocionante. Um show.

Além disso, o que diabos acontece no Haiti não é nada se comparado com o que ocorre em alguns países africanos. Tem uma guerra horrível por lá e nenhum jornal mostra nada. Claro! Não dá audiência. As guerras africanas tem um roteiro chato. Uma novela descartada. A novela da hora é Haiti. Santo terremoto! Que venham mais! Queremos mostrar destruição. Casas caídas. Gente correndo. Gritando. Chorando. É o que vende.

Em suma, trata-se da ilusão - aqui manifesta pelo discurso, tanto do público quanto dos produtores das notícias - da importância de um fato ocorrido num país distante e de pouco interesse real. A importância do fato é ilusória, mas dominante. É a justificativa que mascara a emotividade, o sentimentalismo evocado pelas imagens da tragédia.

domingo, janeiro 10, 2010

Consequências

ARTIGO

Toda a vida da Europa morreu em Auschwitz

Sebastian Villar Rodrigues

Estava andando em Barcelona e de repente descobri uma verdade
apavorante: a Europa morreu em Auschvitz. Nós matamos seis milhões de
judeus e os trocamos por 20 milhões de muçulmanos. Em Auschvitz
queimamos cultura, pensamento, criatividade, capacidade. Destruímos o
povo eleito, realmente eleito, pois eles nos deram pessoas únicas e
especiais, que mudaram o mundo. A influencia dessas pessoas é sentida
em todos os aspectos a vida: ciência, artes, comércio internacional e
mais de tudo – a consciência do mundo. Esses são os seres que
queimamos.
E sob o cinismo de compreensão, porque queríamos provar para nós
mesmos que nos curamos da doença do racismo, abrimos nossos portões
para 20 milhões de muçulmanos, que trouxeram com eles ignorância e
idiotice, fanatismo religioso e incompreensão, assaltos e pobreza
derivados da falta de vontade de trabalhar e de sustentar suas
famílias com honra. Eles transformaram nossas maravilhosas cidades
espanholas em terceiro mundo, infestadas de desespero e assaltos.
Eles moram em casas que receberam de graça do governo e lá mesmo eles
planejam o assassinato e destruição das pessoas inocentes que os
receberam. E assim, para azar nosso, trocamos cultura por ódio
fanático, criatividade por destruição, inteligência por atraso e
ignorância. Trocamos a busca da paz do judaísmo da Europa e a
capacidade destes de almejar um futuro melhor para seus filhos e
respeito a vida por ser a vida sagrada, por pessoas que correm atrás
da morte, pessoas que almejam a morte para si, para os outros, para
nossos filhos e para seus filhos. Que erro terrível foi cometido pela
Europa. Triste.

Não é no Brasil

Com base no sociólogo Mark Granovetter (1978), podemos dizer que o comportamento violento de indivíduos durante algumas manifestações pode ...