quarta-feira, junho 11, 2008

Mossoró Cidade Junina: doido é quem vai


É verdade que o evento Mossoró Cidade Junina já nasceu com fama ruim. Mas é comum um evento possuir essa fama ao ser aberto ao público, sem filtros. Entra todo mundo. Qualquer um. Não adianta colocar uma placa "Proibida entrada de bandidos". Entram todos os mau elementos da sociedade mossoroense: vândalos, assaltantes, traficantes, ladrões e assassinos. Definitivamente, tornou-se uma festa da bandidagem. No início era uma festa para todos. Ou pelo menos – com esforço – ainda poderíamos ter essa ilusão. Quando digo festa, evoco a palavra em seu sentido mais puro: onde o povo vai para realmente se divertir; esquecer os problemas; e não para ir atrás de problemas; não para se preocupar com roubo de veículos, brigas, facadas e balas perdidas. A ilusão acabou. Tornou-se insustentável.

Hoje vemos como as autoridades locais vieram investindo – ao longo dos anos – milhões de reais num evento que não trás nenhum benefício real para Mossoró. Apenas preocupação. O simples fato de dar mais lucro para meia dúzia de hotéis ou para um punhado de comerciantes não resulta numa cidade melhor. Pode-se até dizer que uma economia forte sempre é bem vinda para qualquer cidade, mas um crescimento econômico acompanhado por tantos problemas sociais só pode ser problemático. É aí quando o crescimento econômico não passa de uma ilusão. Números para serem vendidos eleitoralmente, que, na realidade, só implicam em malefícios.

É claro que o evento Mossoró Cidade Junina – por si – não provoca a criminalidade na cidade. Mas os fatos que ocorreram no último fim de semana, dentro do evento, refletem bem a situação na qual nossas autoridades deixaram a cidade: dois mortos e uns quatro feridos pelas balas perdidas. Além disso, o dinheiro que é e que foi investido em um evento desse tamanho deveria ser aplicado – há anos - no combate à criminalidade, que já andava mal. Imagine quanto dinheiro investido em tranqüilidade nós perdemos.

Quem quer festa quando não há nada para festejar? Estamos celebrando o quê? O tráfico de drogas cada vez mais forte na cidade? Os assassinatos constantes? Recordes de assaltos? Muito bem. Mossoró cresceu. Mas quem queria que fosse assim? Mossoró não soube crescer.
Evoluir não é tão fácil assim. É preciso planejamento sério, que nossas autoridades desconhecem e apenas utopicamente espero que ajam conforme os reais interesses públicos. Ou seja, já que é assim: tudo bagunçado mesmo - nenhum político se preocupando com a criminalidade - é mais fácil e sensato avisar à população com uma placa em frente aos eventos públicos mossoroenses: "Cuidado. Perigo iminente de morte".

Não desejo – com esse texto – tentar abolir as festas do calendário junino de Mossoró, mas apenas sugerir uma finalidade melhor para os recursos que são direcionados para esse evento. Cultura é bom, mas acredito que a prioridade seja outra: combate à insegurança. Acredito que dinheiro não vai faltar. Afinal, quem faz uma festa anual da dimensão do Cidade Junina pode implantar boas políticas de segurança pública com uma certa folga no bolso. Então, vamos em busca de um progresso real para Mossoró. Um progresso com desenvolvimento econômico aliado a um planejamento sensato, de forma oferecer segurança e tranqüilidade para toda a população.

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