domingo, maio 09, 2010

Livro "Palestina traída"

O comentarista internacional Danial Pipes, especializado em Oriente Médio, comenta em seu site um livro que desmascara a imagem dos "palestinos coitadinhos" que supostamente foram expulsos de suas casas na criação do estado israelense. Veja: http://pt.danielpipes.org/8350/palestina-traida

sábado, fevereiro 27, 2010

O problema dos alunos de filosofia

Muitas vezes a culpa de nossos problemas e conseqüentes fracassos é nossa. Mas não falo de uma culpa consciente. Os atos que ocasionam nossos problemas são realizados por nós, mas sem maldade, sem intenção de fazê-lo. Na verdade, nossas intenções, quando existem, são até boas. Seguem um raciocínio compreensível e teimoso. Mas isso não significa que a culpa inexista.

Quando estou no campus universitário e observo certos alunos, dentre eles os do curso de filosofia, e que se vestem de forma alternativa, não vejo apenas jovens tentando mostrar para os outros que são diferentes, que pensam diferente, que são “esclarecidos” e que são contra a classe dominante, ou contra a “sociedade alienante”. Eles não sabem, mas, além de estarem baseando seu próprio visual e conseqüente imagem social por meio de uma relação direta de oposição com o grupo que eles dizem desprezar, estão simplesmente aderindo uma das inúmeras identidades criadas pelo capitalismo que tanto odeiam. É verdade. Não lembro de ter visto retratos de Karl Marx usando roupas estragadas ou sujas ou vários brincos na orelha ou de cabelo pintado de roxo. Nem lembro dos guerrilheiros sul-americanos, símbolos de luta e revolta ao capitalismo, usarem coisas assim. Tatuagens, roupas e acessórios. Hoje em dia, Che Guevara virou ícone de consumo. Compre uma camisa com a estampa do Che e comunique sua revolta contra a sociedade. Posso até estar misturando nesse relato algumas identidades distintas, mas elas todas, que muitos conhecem como as “diversas tribos”, são apenas diversidades do mundo capitalista contemporâneo, como fala a estudiosa Ellen Wood. Não sou eu que estou inventando. Tudo isso parece não ter relação com o que falei no início do texto, mas tem: é o aspecto inconsciente. O mundo atual criou espaços e identidades nos quais a esquerda, ou essas tais tribos de revoltados, pode atuar. Mas, na verdade, essa atuação implica o consumo. Consuma e seja. Se não consumir, se não comprar a camisa do Che você é um alienado e um dominado da classe dominante. No fim, trata-se de uma escolha impossível: comprar ou comprar. O que, de fato, não chega bem a ser uma escolha, mas uma imposição invisível. E, por essa realidade ser invisível, os coitados dos revoltados não passam de indivíduos dominados pelos conceitos que eles tomam emprestado, sem saber, dos dominantes que eles pensam estar “questionando”. Como disse, é algo inconsciente.

E além disso, o que acho mais engraçado, é que a tal revolta tem por causa eles mesmos e essa situação de aprisionados a seus discursos e conceitos limitados. Eles mesmo provocam seu fracasso. Daí vem a culpa. Mesmo se considerando tão esclarecidos, não enxergam muito abaixo de seus narizes. Um exemplo é visto no curso de filosofia das universidades brasileiras. Há professores que incentivam os alunos a se tatuarem, se vestirem de forma escandalosa e desleixada, afirmando uma ligação do curso com o visual ou com uma determinada "atitude" dos alunos. Não sei se esses professores sabem, mas esse tipo de atitude de desencaixe social não ajuda muito. Na verdade, a relação de identificação de roupas espalhafatosas com o curso de filosofia - além de provocar, no máximo, um inútil desconforto alheio - não possui qualquer tipo de lógica filosófica. Seria compreensível esse tipo de comportamento se Platão ou Aristóteles usassem roupas estranhas ao seu tempo; ou se Baruch de Spinoza , Pierre Bourdieu ou Edgar Morin usassem tatuagens ou piercings ou penteados ridículos. Realmente, é algo sem explicação. Por favor, alguém me explique.

No fim, o que vemos é a mera reprodução de conceitos que desmoralizam um curso tão importante para o pensamento humano, como é o de filosofia. Não seria necessário descrever aqui, em detalhes, essa importância, mas quando se trata de Brasil, onde aqueles que se dedicam a estudar essa área essencial para a compreensão de tudo são considerados malucos, revoltados e fracassados, só vejo aí a já denunciada reprodução arbitrária da imagem de um curso por certos motivos ainda a serem analisados. Análise que renderá boas dores de cabeça para aqueles que se beneficiam dessa reprodução. A própria imagem do curso, mantida também pelos próprios alunos e professores, atrai e cria mais e mais alunos com o mesmo perfil derrotista e revoltado que, invariavelmente, e por não compreenderem a própria importância de seu curso, encontrarão, com sorte, um futuro profissional medíocre e reforçarão a injusta imagem de mediocridade que o estudo filosófico possui no Brasil.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Sobre a educação e a ciência no Brasil

Hoje cito Olavo de Carvalho, que escreveu sobre a realidade brasileira no site Mídia Sem Máscara:

"Cultura", hoje, é rap, funk e camisinhas, "educação" é treinar as crianças para shows de drag queens ou -- caso faltem aos pimpolhos as requeridas aptidões gays -- para a invasão de fazendas, "pensamento" é xingar os EUA no Fórum Social Mundial, e "debate nacional" é a mídia competindo com a máquina estatal de propaganda para ver quem pinta a imagem mais linda do sr. presidente da República. Nesse ambiente, em que poderia consistir a "ciência" senão em imprimir cada vez mais irrelevâncias subsidiadas?
Leia na íntegra aqui: http://www.midiasemmascara.org/artigos/educacao/10752-caindo-sem-parar.html

sábado, janeiro 23, 2010

O país dos lixeiros

Ronaldo. Central do Brasil. Copa do Mundo de 2014. Cidade de Deus. Ayrton Sena. “O melhor do Brasil é o brasileiro”. Recentemente minhas leituras na Internet me levaram por essa questão do patriotismo brasileiro forçado, que a mídia tenta evocar se apoiando, geralmente, em nossas ações medíocres no campo internacional ou, quando muito, em ações grandiosas, mas inúteis para nossos problemas reais. Talvez um pouco de patriotismo seja bom, na medida em que isso seja útil para o crescimento do indivíduo, mas na maioria das vezes não é, sendo apenas um fator importante na reprodução da anestesia social dos povos, que não enxergam sua própria miséria ou, na melhor das hipóteses, limitação. Por fim, não é individualmente útil. Mas sim coletivamente. Nada mais óbvio. Não é verdade? Afirmar que o patriotismo possui utilidade coletiva chega a ser tão óbvio que é impressionante como suas desvantagens escapam à razão individual. Continuaremos torcendo para o Brasil nas copas. Todos juntos. Continuaremos assistindo Fórmula 1 só para reclamar de nossos atuais representantes nesse esporte. É verdade: é bom. O sentimento, as emoções que advém do ato de torcer em grupos é agradável: seja para louvar Ronaldo, seja para tirar sarro do Rubinho. É o que temos de comum. É o que nos faz uma nação... de lascados. Há uma barreira “invisível” que nos impede de ver o quanto estamos pobres, atrasados, condenados. Enquanto essa barreira continuar por aí, sendo mantida por todas as estruturas sociais, das quais a mídia reproduz e faz parte – e ao mesmo tempo é "vítima" – o povo brasileiro, assim como os outros em situação semelhante, continuará cego. Lembro de Boris Casoy, pois nada melhor para exemplificar isso do que a chamada televisiva onde dois lixeiros, cegos em suas limitações, e “do alto de suas vassouras”, desejam feliz 2010 para o Brasil. E eu me pergunto que tipo de felicidade é essa.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Haiti: A festa da mídia e do público

Parece repetitivo afirmar que jornalistas gostam de publicar sangue. Na verdade quem gosta de sangue é o público. Mas o sangue internacional é mais chique. O discurso jornalístico – que é o mesmo do público – é o da preocupação com o sofrimento alheio, que oculta a sede pela tragédia alheia. É nessas horas que vemos que o mais “alto nível” do telejornalismo brasileiro não perde em nada para aqueles programas policiais vespertinos populares e sanguinolentos. A repórter da Globo, Lília Telles, praticamente desenterrando uma haitiana, é um exemplo claro dessa realidade. Tem que ter audiência. O povão brasileiro, composto de uma porrada de analfabetos, tem que assistir e gostar. Tem que ter emoção. Notícia é emoção. Jornal é satisfação. Audiência. E só. Não passa disso. Os pobres jornalistas: coitados. Sofrem a ilusão de que fazem algo importante. Algo intelectual. Ora. Tudo não passa de uma realidade pintada. Se não for, não vende. Não tem jornal. Não tem emprego. As informações menos interessantes são deixadas de lado. Cortadas. Manipuladas. Tudo fica mais dramático, mais emocionante. Um show.

Além disso, o que diabos acontece no Haiti não é nada se comparado com o que ocorre em alguns países africanos. Tem uma guerra horrível por lá e nenhum jornal mostra nada. Claro! Não dá audiência. As guerras africanas tem um roteiro chato. Uma novela descartada. A novela da hora é Haiti. Santo terremoto! Que venham mais! Queremos mostrar destruição. Casas caídas. Gente correndo. Gritando. Chorando. É o que vende.

Em suma, trata-se da ilusão - aqui manifesta pelo discurso, tanto do público quanto dos produtores das notícias - da importância de um fato ocorrido num país distante e de pouco interesse real. A importância do fato é ilusória, mas dominante. É a justificativa que mascara a emotividade, o sentimentalismo evocado pelas imagens da tragédia.

domingo, janeiro 10, 2010

Consequências

ARTIGO

Toda a vida da Europa morreu em Auschwitz

Sebastian Villar Rodrigues

Estava andando em Barcelona e de repente descobri uma verdade
apavorante: a Europa morreu em Auschvitz. Nós matamos seis milhões de
judeus e os trocamos por 20 milhões de muçulmanos. Em Auschvitz
queimamos cultura, pensamento, criatividade, capacidade. Destruímos o
povo eleito, realmente eleito, pois eles nos deram pessoas únicas e
especiais, que mudaram o mundo. A influencia dessas pessoas é sentida
em todos os aspectos a vida: ciência, artes, comércio internacional e
mais de tudo – a consciência do mundo. Esses são os seres que
queimamos.
E sob o cinismo de compreensão, porque queríamos provar para nós
mesmos que nos curamos da doença do racismo, abrimos nossos portões
para 20 milhões de muçulmanos, que trouxeram com eles ignorância e
idiotice, fanatismo religioso e incompreensão, assaltos e pobreza
derivados da falta de vontade de trabalhar e de sustentar suas
famílias com honra. Eles transformaram nossas maravilhosas cidades
espanholas em terceiro mundo, infestadas de desespero e assaltos.
Eles moram em casas que receberam de graça do governo e lá mesmo eles
planejam o assassinato e destruição das pessoas inocentes que os
receberam. E assim, para azar nosso, trocamos cultura por ódio
fanático, criatividade por destruição, inteligência por atraso e
ignorância. Trocamos a busca da paz do judaísmo da Europa e a
capacidade destes de almejar um futuro melhor para seus filhos e
respeito a vida por ser a vida sagrada, por pessoas que correm atrás
da morte, pessoas que almejam a morte para si, para os outros, para
nossos filhos e para seus filhos. Que erro terrível foi cometido pela
Europa. Triste.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

As notícias são úteis?

Recentemente tenho abandonado o mundo das notícias. Especialmente aquelas dos meios de comunicação de massa. Apesar de ser bacharel em jornalismo, já faz meses que não assisto um telejornal, nem acesso sites de notícias. Alguns poderiam supor que o fato de eu estar entrando num mestrado em uma área diferente da qual eu me formei seria o motivo. Não é só isso. Mesmo se fosse esse, já demonstraria a inutilidade das notícias dos meios de comunicação de massa diante de uma necessidade importante: estudar e desenvolver o intelecto. Talvez suporiam que devido ao fato de eu não ter escolhido trabalhar na área de jornalismo, eu estaria demonstrando um comportamento de despeito e revolta contra tudo o que os jornalistas produzem. Mas também não é isso. Pelo menos eu acho que não (depois, citando Pareto, falo disso). De qualquer forma, este artigo explica explica isso também.

O fato é que, realmente, devido ao meu tempo ter se ocupado com muita leitura e escrita de ordem acadêmica, aos poucos percebi que as notícias comumente divulgadas na TV e na Internet são quase sempre inúteis para meus objetivos atuais. Não tenho números exatos mas julgo que aproximadamente 90% das informações divulgadas na televisão como notícias encontram-se dentro do grupo no qual encontramos informações sobre política, catástrofes, crimes ou coisas sobre as quais eu não posso fazer nada para mudar; e, exatamente por isso, só servem para fomentar sentimentos de frustração, medo ou pânico, dependendo do conteúdo da informação. Por exemplo, notícias sobre crimes. O que fazer para resolver esse problema? O que eu, individualmente, posso fazer? Andar de branco na avenida segurando um cartaz de “paz agora”? Talvez seja uma atitude nobre fazer reivindicações, mas sabemos que ninguém está se preocupando em fazer algo, pessoalmente, sobre isso. “Deixem isso para a polícia. Já tenho problemas demais”, pensam todos, e não estão mentindo. E as falcatruas na política? Pra que servem os escândalos divulgados na mídia se o povo acaba elegendo os mesmos palhaços em cada eleição? E por aí vai.

Analisando isso, talvez não seja absurdo afirmar que o telejornal está no mesmo nível de distração doméstica que a telenovela. Não vejo outra explicação para que tantas pessoas o assistam. Da mesma forma que as mulheres comentam com as amigas a respeito do cotidiano fictício dessas novelas, os homens, no lugar disso, comentam os desastres, os assaltos, os joguetes políticos partidários etc. Da mesma forma que os noveleiros não podem fazer nada se o vilão da novela está prestes a manipular os mocinhos e atrapalhar seu romance, os que consomem informações dos telejornais também não podem fazer nada se os políticos continuam roubando, se os palestinos e israelenses não se entendem ou se dezenas de pessoas morreram num desastre no sul do país. Quem consome notícias as usa apenas como entretenimento. É um simples prato cheio de emoções que o indivíduo come para sua própria satisfação. Um prato que lhe dá a ilusão de que está participando dos assuntos da sociedade pelo simples fato de tomar conhecimento deles e comentá-los entre os colegas e amigos, mas na verdade é um mero observador impotente. Não passam de “noveleiros” da realidade montada pela mídia. São simples mentes produzidas pela mídia para consumir seus produtos e, ao mesmo tempo, anestesiadas para não enxergarem a verdadeira realidade da qual são vítimas.

Mas não serei hipócrita ao ponto de dizer que não assisto TV. Na verdade, no meu tempo livre, eu assisto muita TV, mas não telejornais. Eu procuro programas de comédia e, no máximo, documentários leves. Pra quê a preocupação que as notícias inúteis me trazem?

Não é no Brasil

Com base no sociólogo Mark Granovetter (1978), podemos dizer que o comportamento violento de indivíduos durante algumas manifestações pode ...