Em 16 de fevereiro, antes do jogo entre Atlético-MG e Caldense no Mineirão, o mascote do Atlético-MG, o Galo Doido, pegou na mão da jogadora Vitória Calhau e pediu que ela desse uma “voltinha" para a torcida. Ela consentiu. Então, o Galo voltou-se para a torcida e esfregou as mãos, aprovando com entusiasmo o corpo da jogadora.
Logo depois disso, a loucura começou. "Machismo! Assédio!”, gritavam alguns na internet, assim como todos os jornalistas televisivos que eu vi comentarem sobre o caso. A mais exaltada foi a jornalista Márcia Dantas, apresentadora do Primeiro Impacto (SBT), que pediu uma punição extra, além da demissão do rapaz que já tinha sido providenciada pelo clube.
Mas, há um problema aí: será que o Galo Doido cometeu assédio sexual, como os jornalistas disseram? Vejamos. Segundo o Código Penal brasileiro, o assédio sexual ocorre quando uma pessoa constrange outra pessoa com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Diante disso, o mascote praticou assédio? Não, nem a pau, mas nem de longe. Dar uma “voltinha” numa mulher para admirar seu corpo é algo bem longe de coagir e ameaçá-la profissionalmente em troca de favores sexuais. A atitude é considerada grosseira em vários círculos sociais, mas falta de respeito não é crime de assédio.
Uma estratégia perigosa
O perigo está no exagero em relação ao que realmente ocorreu. Recorda-nos da história do menino que fingia estar sendo atacado por uma onça, no intuito de fazer uma brincadeira com seus amigos. Ele fez isso tantas vezes que, quando a onça um dia apareceu de verdade ninguém acreditou, ninguém foi ajudá-lo e ele acabou morto. A imprensa e o resto da turminha esquerdista exagera há muito tempo a respeito de casos desse tipo. Alguns atores de Hollywood, como o Keanu Reeves, não encostam nas fãs ao posar para fotos, temendo serem falsamente processados judicialmente por assédio sexual.
O ator Keanu Reeves exibindo as mãos abertas, para não dar margem à processos judiciais de assédio sexual. |
O mais engraçado é que grande parte da mídia elogia essa atitude, confundindo o medo de ser processado com o engajamento feminista de respeito ao corpo das mulheres. Será que as fãs realmente gostam de tirar fotos com um ídolo que desconfia delas a todo instante?
Outro exemplo recente ocorreu contra o ator e humorista Jim Carrey. A entrevistadora perguntou se ainda faltava ele conquistar algo de sua "lista de desejos". Ele respondeu: “Apenas você”; e ela caiu na gargalhada. Afinal, ele é um humorista. Porém, foi o suficiente para ser acusado de assédio por muitos.
Transformou-se em estratégia da esquerda usar termos incompatíveis com a realidade no intuito de demonizar o adversário político. Por exemplo, a palavra “homofobia”, na verdade, designa uma condição psicológica de pessoas que sentem “pavor de estar próximo a homossexuais – e no caso dos próprios homossexuais, auto-aversão”. Porém, atualmente, isso perdeu o sentido ao ser utilizada banalmente por razões políticas. Por exemplo, discordar de cotas para homossexuais em concursos públicos é motivo suficiente para ser considerado “homofóbico”, assim como dizer que prefere que seus filhos não sejam gays. Como eu disse, o verdadeiro problema foi banalizado. O mesmo ocorre com os termos “fascismo” e "nazismo", que são usados totalmente fora da realidade. As verdadeiras vítimas do fascismo e do nazismo saem perdendo, pois seus sofrimentos estão sendo usados irresponsavelmente por razões políticas.
Brincadeiras chatas
Voltando ao caso do mascote, podemos dizer que a brincadeira que ele fez com a jogadora seria grosseria em determinados ambientes, mas sabemos que é bastante comum no mundo midiático e bem previsível por parte de animadores de torcida e de auditório, como já o fez diversas vezes o apresentador Silvio Santos. Helen Ganzarolli que o diga.
Os participantes de programas de entretenimento já esperam alguma piada ou uma cantada inconveniente, sejam homens ou mulheres, por parte dos apresentadores, como também já fez inúmeras vezes o apresentador Luciano Huck, embora ele recentemente tenha usado de falso moralismo para acusar uma fala do Presidente da República sobre uma jornalista.
Os mascotes de times são apenas um tipo de Silvio Santos do esporte. Esse comportamento é chato? Muitos alvos das piadinhas e brincadeiras acham que sim, como a própria Vitória Calhau, mas nem todos. Vários entram na brincadeira, pois reconhecem que ali, no show business, o objetivo é entreter quem assiste: a torcida, a platéia, o público. Quem não gosta, melhor nem participar. Um exemplo muito bom disso é a diferença de atitude entre as cantoras Cláudia Leite e Ivete Sangalo diante do Silvio Santos, durante o Teleton.
Enquanto a primeira assustou-se e detestou ouvir as piadinhas do apresentador sobre seu vestido curto, a segunda deu em cima, descaradamente, do Silvio Santos, que nem precisou fazer comentários sobre a beleza da cantora, pois ela já estava animando a torcida, a platéia, o público, no lugar dele. Ivete sabia o que importava ali: ter muita audiência e doações para ajudar as crianças. A outra só estava preocupada em ser respeitada publicamente como uma cantora "empoderada" e não como uma mulher-objeto, embora ela mesma tivesse dado em cima, publicamente, de um dos participantes do programa The Voice Brasil, o qual era casado. A hipocrisia entre essa gente “empoderada" parece ser algo inerente.
O interessante é que, enquanto muita gente acusou Silvio Santos de ter assediado Cláudia Leite, ninguém acusou Ivete Sangalo de ter assediado Silvio Santos. Pense nisso. Mas, uma coisa é não gostar das brincadeiras e piadinhas “machistas" de apresentadores ou animadores de torcida. Outra coisa é a histeria coletiva de acusar falsamente os outros de ter cometido um crime. É esse o nível em que chegamos.
Em meio a essa e outras histórias de acusações levianas de assédio, o que poucos se lembram é que a atitude de parte da imprensa vai além da propaganda política feminista. Ela está cometendo um crime contra a honra, tipificado no Código Penal como calúnia, que é o ato de imputar falsamente a alguém um fato definido como crime. O mascote, no máximo, fez uma brincadeira chata, como era de se esperar de palhaços animadores de torcida e foi escarnecido pela “opinião pública". Já a mídia praticou calúnia e está tudo bem.
Falsas acusações de crime são tratadas com mais seriedade nos Estados Unidos, como percebeu a jornalista Patrícia Lelis. Diagnosticada com mitomania, ela já havia feito falsas acusações de estupro e de ter sido ameaçada, respectivamente, pelos deputados Marco Feliciano e Eduardo Bolsonaro. No Brasil, isso não deu em nada, além de uma grande dor de cabeça para os alvos de suas mentiras. Já nos Estados Unidos, ela foi presa justamente.
Em suma, diante do escarcéu que boa parte da imprensa fez contra o mascote, o homem fantasiado de Galo Doido, assim como todos os outros que já sofreram esse tipo de acusação, poderiam processar todas as pessoas que o acusaram publicamente de ter cometido assédio sexual. E, na minha opinião, ganhariam fácil. Não levar casos desse tipo para a justiça é o mesmo que um inocente ser acusado por um bandido e ainda ser obrigado a pedir desculpas ao bandido. É o mesmo que o poste mijar no cachorro e o fogo apagar a água.
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