
Falando em mulatas, lembramos da nossa imagem no exterior. Somos o país das mulatas e do sexo fácil. "No Brasil é muito bom! Mulatas!", pensam os estrangeiros promíscuos. "Só há prostitutas no Brasil! É uma vergonha!", pensam os estrangeiros mais decentes. A culpa pela imagem promíscua do Brasil é dividida entre governo, mídia e povo. Com uma proporção maior para o primeiro da lista, pois graças à política de divulgação do turismo brasileiro – entre as décadas de 60 e 80 – que o resto do mundo absorveu uma imagem digna de vergonha em relação ao Brasil. E nossas mulheres ficaram com essa fama decadente aonde quer que tenha chegado alguma notícia sobre as "belezas do Brasil".
Alguns poderiam dizer que o povo brasileiro é naturalmente promíscuo e adepto da libertinagem, independente de propaganda exterior, independente da idéia que os outros - os estrangeiros – têm sobre nós. Porém, de acordo com um fenônemo psicosocial, os indivíduos tendem a comportar-se da mesma forma como eles acham que os outros pensam deles. Dessa forma, o governo, ao divulgar uma determinada imagem brasileira no exterior, criou - através desse fenômeno - a mesma imagem, só que internamente. Foi assim que o povo brasileiro adotou o carnaval promíscuo e a libertinagem sexual como elementos de sua identidade. Mesmo que não tenhamos uma tendência para esse tipo de comportamento, a tal fama vergonhosa acompanha-nos. De fato, pesquisas mostram que a cultura européia e a norte-americana encaram o sexo como algo bem mais comum e descomplicado. Resumindo, a promiscuidade ocorre mesmo é lá fora. Na verdade, os brasileiros - em especial os nordestinos - são mais cautelosos em relação ao sexo. Mas talvez eu esteja me enganando ao generalizar, pois soube de algumas histórias sobre excessos de luxúria em determinadas regiões brasileiras. Mas aí vem a questão: essas pessoas não teriam se tornado assim devido àquele fenômeno? De qualquer forma, encontramos um elemento maléfico do carnaval, pelo menos da forma como é feito e divulgado no Brasil: a imagem promíscua de nossas mulheres.
Ainda há outra questão: qual a origem dos recursos para a realização de um evento tão grandioso e belo, como ocorre no Rio de Janeiro e em São Paulo? Afinal, as comunidades que desfilam suas escolas de samba não são conhecidas por possuírem membros de elevado nível financeiro. Uma rápida pesquisa na Internet pode revelar a ligação estreita desses desfiles com patrocínio do jogo do bicho. No site do Observatório da Imprensa qualquer um pode ver uma matéria em vídeo que mostra e comprova essa ligação com "bicheiros" bem sucedidos. Algumas escolas já chegaram ao ponto de homenagear, nos desfiles, tais indivíduos. Por volta de 2005, a Globo mostrou na novela Senhor do Destino, de uma forma hilária e inocente - quase legitimizando - a tal relação. Mas essa atitude da Globo é compreensível pois a empresa televisiva sabe que não é boa idéia criticar a ligação do carnaval com uma contravenção penal, que é a prática do jogo do bicho. Afinal, a apresentação dos desfiles do Rio e de São Paulo são importantes na sua grade de programação. Sempre é bom manter boas relações com determinados tipos de organizações. Mas ter o jogo do bicho como contribuinte de uma parcela do carnaval carioca não é grande problema se levantarmos a hipótese de uma participação semelhante por parte do crime organizado, que envolve tráfico de drogas, roubos e assaltos. Pesquisei alguma informação sobre a essa possível ligação mas não achei nada além de suspeitas e das grandes. De qualquer forma, encontramos, outro elemento indesejado: relação com atividades ilegais.
Analisando esses fatos, podemos questionar se seria realmente o carnaval a causa desses problemas. Extingui-lo seria uma solução para amenizar tais elementos? Não considero uma possibilidade sensata, pois os elementos indesejáveis presentes no carnaval brasileiro são apenas consequência de nossa sociedade corrupta e subdesenvolvida, e de nossos governantes ineficientes. No fim das contas, o benefício anestésico do carnaval sobressai aos demais, surgindo como uma “solução” temporária para os problemas de nosso povo.
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