Todo mundo sabe quem matou Isabella. É claro que os responsáveis pela criança – pai e madrasta – ainda estão sendo investigados, mas a sociedade – através de mídia – já fez o julgamento: culpados. Mesmo assim, o crime continua a desenrolar-se de tal forma entre a população que assemelha-se mais a uma telenovela do que a investigações de um crime.
Programas de diversos tipos, jornalísticos ou não, não poupam tempo quando relatam as últimas informações sobre o caso. Às vezes há apenas debates infindáveis que duram todo o programa e que limitam-se a levantar suposições sem grande conteúdo. Na maioria das vezes simplesmente não há informações novas e os “jornalistas” limitam-se a repetir incansáveis vezes as mesmas informações velhas como se fossem novas. O importante é continuar com Isabella na pauta. O efeito disso na sociedade é a substituição gradativa da natural revolta inicial pela insensibilidade, ou até mesmo diversão. Virou final de novela das oito: aposto que foi o pai. Aposto que foi a madrasta. Não. Foi o mordomo!
Trata-se de uma característica típica da televisão: a transformação da realidade em ficção através dos telejornais. A notícia é exibida de forma a valorizar seus aspectos mais intensos e emotivos, descartando-se o que é verdade, mas é mais monótono. O que importa é a imagem e o drama. Sem isso não há notícia.
E então? Quem matou Odete Roitman? Quem matou Lineu? Quem matou Isabella?
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